"O tribunal tomou em consideração o facto de os dois acusados se terem confessado culpados e pedido desculpa. A sentença proferida é de 20 meses de prisão", disse a juíza Ida Dookhy Rambarrun.
O cargueiro japonês encalhou em 25 de julho de 2020 num recife de coral, a sudeste das ilhas Maurícias, derramando mais de 1.000 toneladas de fuelóleo nas águas límpidas.
O capitão indiano, Sunil Kumar Nandeshwar, que admitiu durante a audiência em tribunal em Port-Louis ter estado a beber numa festa a bordo do navio, foi considerado culpado, juntamente com o seu imediato, do Sri Lanka, Hitihanillage Subhoda Janendra Tilakaratna, por "pôr em perigo a segurança da navegação".
O MW Wakashio, com bandeira do Panamá, estava a fazer o trajeto de Singapura para o Brasil, com 3.800 toneladas de fuelóleo e 200 toneladas de gasóleo a bordo, que começou de imediato a derramar, mas a maior parte podia ter sido bombeada para fora.
"Tinha sido realizada uma festa de aniversário a bordo e eu tinha consumido álcool com moderação", disse o capitão do navio durante o seu julgamento, acrescentando que tinha dado instruções para o navio se aproximar das águas das Ilhas Maurícias para apanhar rede telefónica, para a tripulação poder contactar as suas famílias.
"O mar estava agitado, mas a visibilidade era clara e era seguro navegar (...) A certa altura, o navio não se podia mover e tinha tocado no fundo do mar", acrescentou.
"Como tinha tomado algumas bebidas, não me pareceu que valesse a pena intervir e não me ocorreu que estivéssemos a navegar tão perto", disse.
Os dois homens pediram desculpa pelo acidente.
O derrame de petróleo foi a pior poluição marinha da história do país, que depende das suas águas para a segurança alimentar e eco turismo, por ser uma zona com alguns dos mais belos recifes de coral do mundo.
A costa sudeste das ilhas Maurícias tem dois locais designados: Blue Bay, conhecida pelos seus corais, e Esny Point, rica em mangais, ecossistemas que são cruciais face ao aquecimento global.
Desde os primeiros dias, os habitantes mobilizaram-se, trabalhando incansavelmente, com meios improvisados, para conter a poluição.
Nos meses que se seguiram, milhares de pessoas manifestaram-se na ilha, criticando a gestão do derrame de petróleo por parte do Governo.
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