Venezuela. ONG registou mais de 11 mil mortes violentas em 2021

A Venezuela encerra o ano de 2021 com uma "estimativa de 11.081 mortes por causas violentas", o que corresponde a uma taxa de 40,9 mortes por cada cem mil habitantes, segundo dados divulgados hoje pela ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV).

Notícia

© Getty Images

Lusa
29/12/2021 06:32 ‧ 29/12/2021 por Lusa

Mundo

Venezuela

Os dados fazem parte do Relatório Anual de Violência 2021, apresentado durante uma conferência de imprensa virtual e registam "quatro tipos de mortes violentas: homicídios, resistência à autoridade, investigações sobre a morte e desaparecimentos" que a ONG diz que marcam a pauta de violência letal na sociedade venezuelana.

Segundo o OVV das 3.112 das 11.081 mortes por causas violentas correspondem a homicídios cometidos por criminosos, para uma taxa de 11,5 vítimas por 100.000 habitantes.

Por outro lado, 2.332 mortes foram classificadas pelas autoridades como resistência à autoridade, e foram "homicídios cometidos pelas forças de segurança do Estado, através do uso excessivo da força ou de execuções extrajudiciais, para uma taxa de 8,6 vítimas por 100.000 habitantes".

A ONG registou ainda pelo menos 4.003 casos de "mortes de intencionalidade indeterminada, registadas oficialmente como investigações de mortes, que consideramos ser homicídios não esclarecidos e muitas vezes não investigados, com uma taxa estimada de 14,8 vítimas por 100.000 habitantes".

"Adicionalmente, em 2021 observámos um aumento notável dos desaparecimentos no país, o que implica uma presunção de morte não confirmada pela ausência do cadáver, o que nos levou a diferenciar a informação e a estabelecer esta nova categoria na qual existem 1.634 pessoas, para uma taxa de 6,0 vítimas por 100.000 habitantes", explica o relatório.

Segundo o OVV "isto significa que em 2021 os criminosos cometeram 8,5 homicídios por dia, que as forças policiais mataram 6,3 pessoas por dia por resistência à autoridade".

"Uma média de 11 vítimas fatais ficou por resolver, foi classificada como mortes sob investigação, e 4,4 pessoas foram denunciadas como desaparecidas pelos seus familiares cada dia do ano" explica o documento.

No entanto, o número atual (11.081) de pessoas que faleceram por causas violentas na Venezuela, é inferior ao registado em 2020 (11.891).

"Os homicídios estão a cair devido à paralisação da economia, ao controlo do crime organizado sobre as rotas do tráfico de droga, negócios e rendas, e ao domínio crescente de territórios, nos quais o crime organizado e não o Estado é que regula ou limita os assassinatos", explica.

Segundo o OVV "uma dimensão importante para compreender as razões do declínio dos homicídios no país são as alterações na composição demográfica devido à emigração em massa" .

"Investigações recentes dão conta que mais de metade da população que migrou durante os últimos cinco anos é composta por jovens entre os 15 e 29 anos de idade, exatamente o mesmo grupo etário mais envolvido em violência", explica.

O documento explica que "se partirmos do princípio que a emigração pode ser calculada de forma conservadora em 5 milhões de pessoas, cerca de 2,5 milhões de jovens na faixa etária que esteve no centro da violência, deveriam ter deixado o país, quer como vítimas quer como perpetradores, reduzindo drasticamente a população em risco de sofrer ou infligir violência e dando apoio à teoria criminológica que atribui variações no crime violento às alterações demográficas, uma vez que o conjunto de potenciais perpetradores e potenciais vítimas é reduzido em condições de institucionalização precária".

O relatório dá conta ainda que em 2021 o Distrito Capital, com 77,9 vítimas por cada 100.000 habitantes. foi a região da Venezuela com maior taxa de mortes violentas, seguindo-se os estados de Miranda (64,1), Bolívar (56,8), Delta Amacuro ( 52,1) e Arágua (50,8).

A listagem incluiu ainda Carabobo (46,5), Monágas (46,5), Vargas (45,4), Anzoátegui (41,2) e Sucre com uma taxa de 37,9 vítimas por cada 100.000 habitantes.

Leia Também: ONG pede intervenção da Cruz Vermelha perante greve de fome de preso

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas