"Homem forte" do Ennahdha hospitalizado, recusa comida e medicamentos

O ex-ministro da Justiça da Tunísia Noureddine Bhiri, "homem forte" do partido de inspiração islâmica Ennahdha, hospitalizado após ter sido preso, recusa comer e tomar medicamentos, disse hoje à agência France-Presse uma fonte da delegação que o visitou.

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© Getty Images

Lusa
03/01/2022 13:25 ‧ 03/01/2022 por Lusa

Mundo

Tunísia

Segundo a AFP, uma delegação composta por cinco pessoas, três do Organismo para a Prevenção da Tortura (INPT, autoridade independente) e duas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, conseguiu entrar no domingo no hospital de Bizerte (norte), onde Bhiri foi admitido.

"[Bhiri] não está atualmente em situação crítica", confirmou fonte da delegação.

Preso na manhã de sexta-feira, Bhiri, 63 anos, "está vivo e lúcido" e a ser assistido num quarto do departamento de cardiologia do hospital, acrescentou a fonte.

No entanto, referiu, desde sexta-feira que Bhiri recusa todos os alimentos e medicamentos, pelo que foi transferido do local de detenção para um hospital onde está sob "vigilância apertada".

Domingo à noite, vários ativistas e deputados do Ennahdha afirmaram que Bhiri estava "em estado crítico", com "ameaças à vida" e que foi "privado de medicamentos".

O Ennahdha está no centro de um impasse com o presidente tunisino, Kais Saied, desde que, a 25 de julho de 2021, o chefe de Estado decidiu suspender o Parlamento que o partido controlou durante 10 anos. 

A atitude de força de Saied foi descrita como um "golpe de Estado" pelo Ennahdha e por várias organizações não-governamentais nacionais e internacionais, que expressaram o receio de uma administração autoritária.

A visita da delegação decorreu entre as 00:00 e a 01:00 de domingo, segundo a mesma fonte. 

"Pudemos entrar todos juntos e ter um encontro individual com o interessado", disse, garantindo que Bhiri não come alimentos e não é medicado "porque não é possível fazê-lo à força".

Segundo a fonte, Bhiri sofre de várias doenças crónicas, incluindo diabetes e hipertensão, razão pela qual a equipa médica defende que seja transferido para um hospital militar, pois também teme que o estado de saúde se agrave.

O INPT, que tem a missão de verificar o destino das pessoas privadas de liberdade, assumiu o caso no sábado para pedir ao Ministério do Interior informações sobre o local de detenção de Bhiri e de outro executivo do Ennahdha, Fathi Baldi, preso na mesma altura.

Até hoje de manhã, não há qualquer informação sobre o local de detenção de Baldi.

Num comunicado, o INPT lamentou o "silêncio total" das autoridades sobre a detenção dos dois homens e denunciou as prisões, feitas com caráter "preventivo" e sem motivos claros ou procedimentos legais.

 

JSD // PAL

Lusa/Fim

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