Covid-19: Impasse na Assembleia francesa sobre passe vacinal

A discussão sobre o diploma do Governo francês que transforma o passe sanitário em passe vacinal foi suspensa esta noite, depois de um debate feroz que o ministro da Saúde chamou Trump e Bolsonaro a um deputado.

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© PASCAL GUYOT/AFP via Getty Images

Lusa
04/01/2022 06:34 ‧ 04/01/2022 por Lusa

Mundo

Covid-19

O Governo francês apresentou um projeto-lei na Assembleia Nacional para apreciação dos deputados que visa transformar o atual passe sanitário em passe vacinal.

Este novo passe vai tornar o acesso a locais públicos apenas possível a pessoas vacinadas, quando até agora era possível mediante a apresentação de um teste com menos de 48 horas para os não vacinados frequentarem bares, restaurantes e cinemas.

O diploma prevê outras medidas como as lotações de espaços públicos e endurecer as sanções contra quem apresenta falsos registos de vacinação.

No entanto, esta nova lei, que deveria partir na quarta-feira para o Senado e entrar em vigor já no dia 15 de janeiro, de forma a seguir o calendário estipulado pelo Governo, encontrou oposição na Assembleia francesa, com os deputados dos diferentes grupos parlamentares a apresentarem mais de 500 alterações, um procedimento que atrasou a votação e prolongou o debate pela noite dentro.

Jean-Luc Melenchon, líder do partido de extrema-esquerda França Insubmissa e candidato presidencial, acusou hoje o Governo, representado no hemiciclo pelo ministro da Saúde, Olivier Véran, de ter lançado "um caos indescritível" com as novas regras sanitárias, anunciando que o seu partido se opõe a esta mudança do passe sanitário.

Já o ministro retorquiu, acusando-o de se basear em exemplos como Donald Trump e Jaír Bolsonaro para gerir a crise da covid-19.

"Diz um dia querer ser Presidente da República, mas está a seguir os exemplos de dois muito maus presidentes, os únicos que recusaram todas as medidas e restrições: o senhor Bolsonaro no Brasil e o senhor Trump nos Estados Unidos", indicou o ministro.

Jean-Luc Melenchon pediu ao Governo "um plano global" e apresentou uma moção de rejeição do texto. Marine Le Pen, líder da extrema-direita, defendeu que a tentativa de "limitar a liberdade dos franceses" se deve apenas ao facto de o Governo ter fechado camas nos hospitais para acolher os casos mais graves.

O debate foi suspenso à meia-noite, com o ministro a pedir o prolongamento da votação pela noite dentro, no entanto, os deputados consideraram que "nem às 09:00 de terça-feira" tudo estaria votado, o que significa um atraso importante na entrada em vigor desta medida, mesmo se a aprovação final está garantida, já que o Governo detém a maioria.

Desde o fim de semana, a França introduziu ainda novas medidas de isolamento, com as pessoas vacinadas que apresentem teste negativo a não precisarem cumprir isolamento obrigatório e com o isolamento para casos positivos a ser encurtado para sete dias, ou mesmo cinco em caso de teste negativo e ausência de sintomas.

Com o aumento dos casos, o país começa já a sentir uma paralisação em determinados setores, nomeadamente na educação onde o número de casos entre professores e alunos tem levado ao encerramento das aulas para muitas turmas.

De forma a proteger as crianças, passou a ser obrigatória a utilização de máscara para as crianças a partir de 06 anos nos transportes e locais públicos cobertos.

Leia Também: França regista 67.461 novos casos. Há 19.606 internados no país

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