De acordo com o relatório "A Situação e Perspetivas Económicas Mundiais das Nações Unidas (WESP) 2022", a recuperação económica global "está a enfrentar ventos contrários significativos entre as novas ondas de infeções por covid-19, desafios persistentes do mercado de trabalho, desafios persistentes das cadeias de abastecimento e crescentes pressões inflacionistas".
A inflação é mesmo um dos riscos emergentes identificados, ainda que se espere que, em 2022, "alguma pressão ascendente sobre os preços diminua à medida que os bancos centrais" comecem a apertar a política monetária. "No entanto, o momento e a sequência das respostas do banco central às pressões inflacionistas irão continuar críticos", adverte.
As Nações Unidas estão, no entanto, ligeiramente mais otimistas face ao relatório de 2021, mesmo com a identificação de riscos negativos significativos durante o quarto trimestre de 2021, melhorando as projeções para 2021 em 0,8 pontos percentuais (pp.) e para 2022 em 0,6 pp..
As projeções colocam a economia mundial a convergir para a tendência de longo prazo de cerca de 3% ao ano registada entre 2010 e 2019.
Contudo, a organização sublinha que existe uma forte divergência nas perspetivas de crescimento, uma vez que um número significativo de países em desenvolvimento estão a lutar para recuperar do impacto da pandemia.
De acordo com as previsões atuais, o Produto Interno Bruto (PIB) de 16 países em desenvolvimento será mais de 5% inferior em 2022 do que em 2019, enquanto mais de um quinto dos países em desenvolvimento terão que esperar até 2022 para que o PIB volte a atingir os níveis pré-crise. Já 20 dos países em desenvolvimento ainda estarão abaixo dos níveis de produção de 2019 até o final de 2023.
Por outro lado, a ONU espera que até 2023, mais da metade das economias mundiais deverão exceder os níveis de produção de 2019 em pelo menos 7%.
"Sem uma abordagem global coordenada e sustentada para conter a covid-19, que inclua o acesso universal a vacinas, a pandemia continuará a representar o maior risco para uma recuperação inclusiva e sustentável da economia mundial", disse Liu Zhenmin, subsecretário-geral da Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas, em comunicado.
Leia Também: Irão, Venezuela e mais 6 países perdem direito de voto na ONU por dívidas