"As partes no conflito devem (...) suspender qualquer ataque se parecer que o alvo não é um objetivo militar ou que o ataque será desproporcionado. O desrespeito pelos princípios de distinção e de proporcionalidade pode constituir um crime de guerra", alertou uma porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Elizabeth Throssell.
Numa conferência de imprensa regular das agências da ONU em Genebra, a porta-voz disse que "pelo menos 108 civis foram mortos e 75 outros feridos desde o início do ano, na sequência de ataques aéreos que terão sido realizados pelas forças aéreas etíopes" na região.
Até hoje, o ataque aéreo mais mortífero atingiu o campo de deslocados da cidade de Dedebit em 07 de janeiro e fez dezenas de mortos e feridos.
"Desde então três das pessoas gravemente feridas morreram no hospital (...), o que eleva o balanço deste único ataque para pelo menos 59 mortos", disse Throssell.
"Estamos alarmados pelas múltiplas informações profundamente preocupantes que continuamos a receber sobre vítimas civis e destruição de bens civis resultantes de ataques aéreos na região", acrescentou.
A guerra no Tigray eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed -- Prémio Nobel da Paz em 2019 - enviou o Exército federal para a província no norte do país, com a missão de retirar pela força as autoridades locais, que vinham a desafiar a autoridade de Adis Abeba há meses.
O conflito provocou a morte de vários milhares de pessoas e fez mais de dois milhões de deslocados, deixando ainda centenas de milhares de etíopes em condições de quase fome, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Os intensos esforços diplomáticos, incluindo os da União Africana, para alcançar um cessar-fogo, não produziram até agora qualquer progresso decisivo.
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