Num comunicado conjunto divulgado hoje, os dois disseram que o primeiro encontro frente a frente em Chevening House, a residência de campo da ministra dos Negócios Estrangeiros, no sudeste de Inglaterra, a cerca de 50 quilómetros de Londres, entre quinta e sexta-feira, "decorreu num ambiente cordial".
"Partilhamos o desejo de uma relação positiva entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido, sustentada pela nossa convicção comum na liberdade e na democracia", concluem.
Representantes vão reunir-se na próxima semana em "negociações intensificadas" e Truss e Sefcovic voltarão a encontrar-se em 24 de janeiro.
O comunicado conjunto é surpreendente pois, devido às profundas divergências, Londres e Bruxelas têm optado por emitir os seus próprios balanços das reuniões anteriores.
Esta foi a primeira ronda de negociações liderada por Liz Truss desde que assumiu a pasta, na sequência da demissão do secretário de Estado para as relações europeias, David Frost, cujo estilo confrontacional com Bruxelas era apreciado por muitos políticos eurocéticos.
Porém, nos últimos meses, as negociações foram marcadas por tensões devido às ameaças de ambas as partes.
O Reino Unido tem reiterado a possibilidade de suspender o Protocolo da Irlanda do Norte, negociado em 2019, acionando o artigo 16.º do Protocolo, uma cláusula de salvaguarda que prevê a suspensão de certas disposições em caso de perturbações graves sociais e económicas.
A UE respondeu advertindo para "consequências graves", que não especificou.
O Protocolo da Irlanda do Norte, negociado durante o processo de saída do Reino Unido da EU, mantém a Irlanda do Norte no mercado único europeu a fim de evitar uma fronteira física com a República da Irlanda, tendo em vista que uma fronteira aberta na ilha da Irlanda é uma condição do processo de paz.
Esta solução cria, na prática, uma fronteira entre a província britânica e o resto do Reino Unido devido à necessidade de controlos e documentação, o que provocou atrito no movimento de mercadorias.
Londres quer uma renegociação substancial do Protocolo, incluindo o fim do papel de supervisão do Tribunal de Justiça da UE, mas Bruxelas recusa, propondo ajustes ao Protocolo, pelo que as discussões mantidas que decorrem à vários meses mantêm-se num impasse.
Leia Também: Downing Street. Executivo de Boris acusado de (mais) encontros polémicos