Milhares concentram-se no Mali para manifestação

Milhares de malianos estão hoje a concentrar-se em Bamaco e no resto do Mali para se manifestar, a pedido da junta militar, contra as sanções da organização dos Estados da África Ocidental.

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Lusa
14/01/2022 15:59 ‧ 14/01/2022 por Lusa

Mundo

Mali

Vestidos com as cores nacionais -- verde, amarelo e vermelho -- os manifestantes começaram a concentrar-se na praça da Independência, na capital, para a oração semanal, iniciando uma mobilização organizada pelos militares, conta a agência France-Presse.

Em Tombuctu, os manifestantes concentraram-se na praça de Sankoré, em frente da mesquita, segundo fontes ouvidas pela agência noticiosa.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram uma densa multidão a marchar atrás da bandeira nacional nas ruas de Kadiolo, que faz fronteira com a Costa do Marfim, assim como em Bougouni, também no sul do país.

Alguns malianos ouvidos por um correspondente da AFP contaram que saíram à rua para defender o país, e não para apoiar a junta militar.

O líder da junta e presidente de transição, o coronel Assimi Goïta, aprovou um "plano de resposta" do Governo às sanções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), escreveram os seus serviços na rede social Facebook.

"O objetivo do plano não é entrar num braço de ferro" com as organizações oeste-africanas e o Mali continua "aberto ao diálogo", acrescentaram.

O Governo maliano controlado pelos militares lançou na segunda-feira um apelo à população para manifestar o seu apoio às autoridades saídas do duplo golpe de Estado, face às sanções.

O Governo pediu ainda às autoridades religiosas que organizem orações em todos os locais de culto.

O coronel Goïta, que chegou à liderança do Mali através de um primeiro golpe de Estado em 2020 e entronizado presidente de transição após um segundo golpe em maio de 2021, exortou os malianos a "defenderem a pátria".

A CEDEAO decidiu no domingo, numa cimeira extraordinária em Acra, congelar as contas dos membros da junta militar do Mali nos bancos regionais, retirar os embaixadores dos países-membros da organização acreditados em Bamaco e suspender todas as transações comerciais com o país, com exceção de bens de primeira necessidade.

As novas sanções da CEDEAO são uma resposta à intenção do Governo do Mali de prolongar o período de transição por até cinco anos, o que significa adiar a data das eleições acordadas para 27 de fevereiro, consideradas um marco na recuperação da legitimidade constitucional após os dois golpes militares em agosto de 2020 e maio de 2021.

O embargo sobre as trocas comerciais e as transações financeiras suscita preocupações quanto ao seu impacto num país pobre e afetado pela violência e pela pandemia de covid-19.

O Mali enfrenta uma crise de segurança desde 2012 em resultado da emergência de vários grupos 'jihadistas' afiliados à Al-Qaida ou ao Estado Islâmico, que aproveitaram as debilidades do Estado maliano para se instalarem no terreno, alargando a área da presença em toda a região do Sahel.

Sucessivos episódios de violência obrigaram mais de 400.000 pessoas a fugir das suas casas e cerca de 5,9 milhões de malianos necessitam atualmente de ajuda humanitária, de acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).

 

Leia Também: Guterres exige à junta militar no Mali "calendário eleitoral aceitável"

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