O líder dos republicanos no Senado norte-americano, Mitch McConnell, deixou a comunidade negra revoltada, depois de, aparentemente, ter considerado os afro-americanos uma classe diferente.
Numa conferência de imprensa depois de os republicanos terem chumbado uma proposta de lei que visava impedir mais restrições ao direito de voto - restrições essas que afetam desproporcionalmente os eleitores negros -, McConnell procurou justificar que as preocupações dos eleitores não são justificadas.
No entanto, as palavras escolhidas causaram celeuma. "O receio é injustificado, porque se olharmos para as estatísticas, os eleitores afro-americanos votam numa percentagem tão alta como os norte-americanos", afirmou o senador do estado do Kentucky, segundo a CNN.
Não só a afirmação é factualmente errada - estudos demonstram que as restrições ao voto impostas em estados controlados por republicanos, nomeadamente reduzindo o tempo de voto e o número de mesas em áreas mais carenciadas afetam muito mais eleitores não brancos - como deixou várias pessoas desagradadas.
Charles Booker, senador estatal do Kentucky, argumentou que McConnell demonstrou o que acha, honestamente, sobre a comunidade negra.
I need you to understand that this is who Mitch McConnell is.
— Charles Booker (@Booker4KY) January 20, 2022
Being Black doesn’t make you less of an American, no matter what this craven man thinks.
pic.twitter.com/Esk1NgIhD9
A nível nacional, o congressista na Câmara de Representantes Bobby Lush vincou que "os afro-americanos SÃO norte-americanos". Já Donald McEachin, representante no Congresso pelo estado da Virgínia, escreveu uma carta a condenar as declarações de McConnell.
African Americans ARE Americans. #MitchPlease https://t.co/N3dSsQ9Jqn pic.twitter.com/SRnTTVJdJ4
— Bobby L. Rush (@RepBobbyRush) January 20, 2022
I condemn McConnell's prejudicial comment about African American voters. For those sentiments to be expressed within the context of voting rights is especially concerning, as minority populations have been historically shut out of our democratic processes. https://t.co/kcAjM7vYhK
— Rep. Donald McEachin (@RepMcEachin) January 20, 2022
Não é a primeira vez que McConnell é acusado de demonstrar atitudes racistas. O senador tem procurado chumbar durante décadas propostas de lei que visam melhorar o direito de voto de eleitores não brancos e acabar com formas de discriminação, tendo também raramente condenado atos racistas.
Por exemplo, McConnell recusou sempre qualquer associação racista sobre o 'filibuster', uma ferramenta usada pela minoria no Senado para bloquear legislação e obrigar a uma margem de 60-40 para uma lei passar - o 'filibuster' foi criado propositadamente durante a primeira metade do século XX para travar o direito de voto de pessoas negras e manter leis segregacionistas.
Em 2019, quando o Senado estava a discutir legislação em torno de reparações históricas do tempo da escravatura e a remoção de estátuas de generais fiéis ao regime esclavagista da Confederação, McConnell justificou a sua oposição afirmando que os Estados Unidos já elegeram um presidente negro, Barack Obama.
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