Durão Barroso veio alertar que as diferenças existentes nas taxas de vacinação entre os países com mais e menos rendimentos pode criar uma eventual "catástrofe de saúde pública". Num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios, o atual presidente da Gavi alerta para o "risco substancial" desta realidade poder potenciar "um ciclo interminável de aplicação de doses de reforço".
No referido artigo, o ex-primeiro-ministro expressou as suas preocupações no que toca à atual abordagem perante o vírus, salientando que é preciso deixar de "perseguir o vírus" e agir com uma maior antecipação. Para tal, defende a necessidade de se criarem "novos compromissos por parte dos países de elevados rendimentos e dos fabricantes de vacinas".
Durão Barroso vai ainda mais longe nos possíveis impactos que uma medida dessa natureza poderia ter: "Se protegermos as pessoas do mundo inteiro, poderemos reiniciar a economia e recuperar completamente o comércio e as viagens", destaca.
O antigo governante diz ainda ser "lamentável" que "mais de três mil milhões de pessoas, a maioria das quais a viver em países de rendimentos baixos" não tenham recebido nenhuma dose da vacina contra a covid-19. Um grande contraste em relação aos países de rendimentos elevados, que "apresentam uma taxa média de vacinação superior a 75% e estão agora focados nos programas de reforço vacinal".
Acreditando que, neste momento, "derrotar a covid-19 é uma perspetiva realista", o antigo presidente da Comissão Europeia ressalva que vão continuar a existir, no entanto, "desafios do lado da procura e da oferta" de vacinas ao longo deste ano.
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