"Espero que as sessões sejam frutíferas e que cooperemos responsavelmente, longe de quaisquer diferenças, e que prossigamos com base no facto de que [...] as pessoas estão cansadas da conversa e querem que o trabalho produtivo e a cooperação entre todos permita sair da crise", afirmou o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, na abertura da sessão.
Por seu lado, o Presidente do Líbano, Michel Aoun, que presidiu ao Conselho de Ministros no Palácio Presidencial, frisou que a "interrupção" afetou "negativamente" a regularidade dos trabalhos oficiais e agravou as "repercussões da situação" no país.
O Conselho de Ministros não se reunia desde outubro passado devido à pressão dos partidos xiitas Hezbollah e Amal, supostamente dirigida ao Executivo, para exigir o afastamento do juiz responsável pela investigação judicial à explosão que, em agosto de 2020, causou mais de 200 mortes em Beirute.
Em causa está sobretudo a investigação a ex-ministros do Amal por suposta negligência na explosão, que as autoridades libanesas atribuem a um incêndio num depósito no porto onde se encontravam armazenadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio, e que deixou cerca de 300.000 pessoas desalojadas, mais de 200 mortos e 6.500 feridos, além de mais de duas dezenas de desaparecidos.
A catástrofe, associada à ideia generalizada entre a população de que os políticos libaneses são corruptos, aprofundou a crise política e a grave crise económica no Líbano.
"Já salientei o meu respeito pelo princípio da separação de poderes. Mas nada do que aconteceu nos últimos meses esteve de acordo com a Constituição", declarou Aoun, cujo partido mantém uma aliança política com o Hezbollah.
Há uma semana, as duas formações xiitas anunciaram o levantamento do bloqueio ao Conselho de Ministros na sequência dos contínuos apelos do Presidente e do primeiro-ministro para retomar as sessões, eles próprios sob pressão da comunidade internacional.
Na sessão de hoje, o Conselho de Ministros aprovou algumas questões menores, como a ajuda social "temporária" para trabalhadores e uma compensação financeira para as forças de segurança, tendo ficado de fora a questão da aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2022, uma exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar o Líbano a sair da crise.
No decorrer desta semana, o FMI tem previsto realizar por videoconferência uma série de reuniões com as autoridades libanesas para analisar a forma de se sair da crise económica, que a instituição financeira internacional considera como uma das piores do mundo desde a década de 1850.
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