MNE britânica nota "progresso" nas negociações sobre Irlanda do Norte

As "negociações construtivas" entre Reino Unido e União Europeia (UE) sobre o Protocolo da Irlanda do Norte produziram "progresso", relevou hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, assumindo intenção de chegar a uma solução "a curto prazo". 

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Lusa
24/01/2022 16:26 ‧ 24/01/2022 por Lusa

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Brexit

"Houve progresso, tivemos negociações construtivas e eu estou absolutamente determinada em proteger a estabilidade política e a paz na Irlanda do Norte. Quero trabalhar construtivamente com a UE para poder alcançá-lo e precisamos de fazê-lo a curto prazo", afirmou, numa entrevista à estação Sky News. 

Truss foi recebida hoje em Bruxelas pelo vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, para fazer um balanço de uma nova ronda de negociações.  

"Concordámos em ter mais negociações intensivas", afirmou a ministra britânica, prevendo um novo ponto de situação com Sefcovic na próxima semana. 

"Precisamos de fazer progresso urgentemente", insistiu, adiantando acreditar "existir um acordo possível", mas recusando falar sobre as áreas de negociações em que houve avanços, nem se fevereiro é um potencial prazo para chegar a um consenso.  

Truss disse querer alcançar "o maior progresso possível nas próximas semanas" porque "a situação na Irlanda do Norte é muito difícil". 

Numa curta declaração conjunta divulgada após o encontro, Sefcovic e Truss indicaram que a reunião teve lugar "numa atmosfera construtiva, com o objetivo de fazer avançar as conversações", tendo Bruxelas e Londres acordado que funcionários de ambas as partes voltarão a reunir-se esta semana.

Em declarações à imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, sem direito a perguntas, o vice-presidente da Comissão Europeia reiterou que o objetivo da UE é "facilitar a implementação do Protocolo no terreno, salvaguardando simultaneamente a integridade do mercado único da União".

"Em última análise, trata-se de assegurar a estabilidade, previsibilidade e prosperidade na Irlanda do Norte, tendo em conta que o Protocolo representa a única solução encontrada em conjunto, à luz do 'Brexit' [saída britânica da UE], para proteger os ganhos do processo de paz e evitar uma fronteira 'dura' na ilha da Irlanda", disse.

O responsável da Comissão pela pasta das relações interinstitucionais acrescentou que, nesse contexto, considera "particularmente importante" que as equipas de negociadores se foquem nas questões relacionadas com a circulação de mercadorias entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte.

"Como sabem, em áreas como as alfândegas e a circulação de bens sanitários e fitossanitários, a UE propôs uma extensa redução de formalidades inigualável para qualquer outro país terceiro. Assim, se a boa vontade política for mantida, as nossas discussões poderiam conduzir a um acordo atempado sobre soluções duradouras que ajudariam imediata e significativamente os operadores no terreno", declarou.

Sem querer comprometer-se com prazos, Sefcovic garantiu que vai agir "com sentido de urgência".

"Dentro de alguns dias, passarão dois anos sobre o 'Brexit'. E continuo a acreditar que é do nosso interesse comum reconstruir a confiança e trabalhar em estreita parceria, especialmente num mundo onde a democracia se encontra cada vez mais sob pressão de muitos lados. Pela minha parte, farei tudo o que estiver ao meu alcance", concluiu.

Este foi o segundo encontro entre Sefcovic e a nova chefe da diplomacia britânica, depois de uma primeira reunião celebrada na casa de campo da ministra dos Negócios Estrangeiros, em Chevening House, nas imediações de Londres, no início deste mês.

O Protocolo da Irlanda do Norte, negociado durante o processo de saída do Reino Unido da UE, mantém a Irlanda do Norte no mercado único europeu a fim de evitar uma separação física com a República da Irlanda, tendo em vista que uma fronteira aberta na ilha da Irlanda é uma condição do processo de paz.

Esta solução cria, na prática, uma fronteira entre a província britânica e o resto do Reino Unido devido à necessidade de controlos e documentação, o que provocou atrito no movimento de mercadorias.

Leia Também: Brexit. UE e Reino Unido intensificam discussões sobre Irlanda do Norte

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