Enquanto o Burkina Faso "se aproxima de hora em hora para um golpe militar", o Movimento Popular para o Progresso (MPP) também denuncia em comunicado de imprensa "o saque da residência privada do chefe de Estado" e "a tentativa de assassínio de um ministro", que não identifica.
O MPP denuncia ainda o "cerco" do palácio presidencial de Kosyam "por um grupo de homens armados e encapuzados" e "a ocupação da rádio e televisão nacionais" em Ouagadougou.
O partido no poder "exorta as forças de defesa e segurança legalistas, patrióticas e republicanas a distanciarem-se" do que chama "enésima tentativa de desestabilização" e "ao lado do povo de Burkina Faso, da legalidade e da democracia".
O destino de Kabouré continua desconhecido após informações de fontes do governo terem alegado que ele havia conseguido escapar.
A União Africana (UA) já condenou veementemente a "tentativa de golpe" no Burkina Faso, apelando ao exército nacional e às forças de segurança para "garantirem a integridade física do Presidente" Roch Marc Christian Kaboré e do seu governo.
A União Africana condenou hoje a "tentativa de golpe de Estado", que, aparentemente, está a acontecer no Burkina Faso, após um motim em várias unidades militares, e exigiu às forças armadas que garantam a "integridade física" do Presidente.
Também a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) se pronunciou sobre a situação no Burkina Faso, tendo responsabilizado os militares "pela integridade física" de Roch Kaboré.
A CEDEAO condena a ação dos militares, que classifica "como de extrema gravidade", exortando-os a "regressarem aos quartéis, manter uma postura republicana e a privilegiarem o diálogo com as autoridades para a resolução dos seus problemas".
O Presidente Kaboré, no poder desde 2015 e reeleito em 2020 com a promessa de lutar contra os terroristas, tem vindo a ser cada vez mais contestado por uma população atormentada pela violência de vários grupos extremistas islâmicos e pela incapacidade das forças armadas do país responderem ao problema da insegurança.
Vários quartéis no Burkina Faso foram este domingo palco de motins de militares, que exigiram a substituição das chefias militares e os "meios apropriados" para combater os grupos terroristas, que atacam o país desde 2015.
Kaboré lidera o Burkina Faso desde que foi eleito, em 2015 (reeleito em 2020), após uma revolta popular que expulsou o então Presidente, Blaise Compaoré, no poder durante quase três décadas.
Ainda que reeleito em novembro de 2020 para mais um mandato de cinco anos, Kaboré não conseguiu combater a frustração que tem vindo a crescer devido à sua incapacidade de conter a propagação da violência terrorista no país.
Os ataques ligados à Al-Qaida e ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico têm vindo a aumentar sucessivamente desde a chegada ao poder do atual Presidente, reclamando já milhares de vidas e forçando a deslocação de um número estimado pelas Nações Unidas de 1,5 milhões de pessoas.
Também os militares vêm a sofrer baixas desde que a violência extremista começou em 2016. Em dezembro último, mais de 50 elementos das forças de segurança foram mortos na região do Sahel e nove soldados foram mortos na região centro-norte em novembro.
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