O protesto nacional surgiu em resposta ao mais recente homicídio da jornalista Lourdes Maldonado, baleada à porta de casa na cidade de Tijuana, apesar de beneficiar do programa de Proteção dos Jornalistas da Baja California, na sequência de uma disputa legal com o antigo governador Jaime Bonilla, membro do Movimento de Regeneração Nacional.
As mobilizações tiveram lugar em 47 cidades de todo o país contra a violência sobre os jornalistas, que continua a aumentar desde a tomada de posse do Presidente, López Obrador.
A manifestação na Cidade do México foi uma das maiores, com centenas de jornalistas a protestar em uníssono num evento sem precedentes no México, em frente ao edifício do Ministério do Interior.
Segundo a organização não-governamental (ONG) Artigo 19, pelo menos 143 jornalistas foram assassinados no país desde 2000, 28 dos quais desde que o Presidente tomou posse em dezembro de 2018.
"A violência contra a imprensa é um dos problemas históricos que a sociedade enfrentou e infelizmente está a aumentar", disse o responsável pela comunicação da ONG de direitos humanos fundada no Reino Unido.
"As ações do Estado não são suficientes, a boa vontade não é suficiente", acrescentou Juan Vázquez.
Tanto o sistema federal como os programas estatais são confrontados com agressões, homicídios e violência contínua a que muitos dos jornalistas do país estão sujeitos, com o Artigo 19 a denunciar que se regista um ataque à imprensa a cada 12 horas no México.
Na terça-feira, o gabinete de segurança do Governo mexicano anunciou que, sob "instruções presidenciais", tinha enviado uma equipa especializada para a cidade de Tijuana, no estado da Baixa Califórnia, para apoiar as investigações sobre o assassínio de dois jornalistas na semana passada.
Para além destes, a 10 de janeiro, José Luis Gamboa Arenas, diretor dos meios digitais Inforegio, foi assassinado em Veracruz, um estado do leste do México.
A mobilização histórica para protestar contra a violência contra jornalistas, liderada por milhares de jornalistas mexicanos, teve lugar em praticamente todos os 32 estados do país para exigir justiça para os seus três colegas recentemente assassinados, mas também para aqueles que foram mortos em anos anteriores.
Segundo os Repórteres sem Fronteiras (RSF), pelo menos sete jornalistas foram mortos no México em 2021, o que o torna "o país mais mortífero do mundo para a imprensa".
O México ocupa o 143.º lugar entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2021 da RSF.
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