Para Robert Sagna, líder do Grupo de Reflexão pela Paz em Casamansa (GRPC), a captura dos militares é "um acontecimento deplorável que veio interromper um processo de paz que parecia estar bem avançado".
Os nove soldados senegaleses da ECOMIG, missão criada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), estão presumivelmente em poder dos rebeldes após confrontos ocorridos durante uma operação contra o tráfico de madeira em Casamansa, anunciaram na terça-feira as forças armadas do Senegal.
As buscas para encontrar os nove militares prosseguem "como no primeiro dia", disse hoje à AFP um oficial militar senegalês, sem dar detalhes sobre a área de busca nem os meios disponíveis.
Nos confrontos registou-se a morte de dois soldados senegaleses e de um dos atacantes, tendo três guerrilheiros sido aprisionados, anunciaram as forças armadas do Senegal.
A Gâmbia, país parcialmente encravado no Senegal, abriga rebeldes do Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC), que luta há quase 40 anos pela independência desta região, que faz fronteira com o norte da Guiné-Bissau.
"O processo de paz parecia definitivamente resolvido para o fim da guerra", disse Sagna, ex-ministro e ex-presidente da câmara de Ziguinchor, a maior cidade de Casamansa.
"Tudo o que pudermos fazer, faremos [para a libertação dos soldados]. O GRPC não recuará em nenhuma solução para a paz em Casamansa", continuou.
Casamansa é palco de um dos conflitos mais antigos de África desde que os separatistas passaram a combater a partir das matas após a repressão de uma marcha, em dezembro de 1982.
Depois de causar milhares de vítimas e devastar a economia senegalesa, o conflito passou a ser de baixa intensidade, com o Senegal a tentar normalizar a vida na província, tendo-se comprometido a reinstalar os deslocados.
A ECOMIG foi criada pela CEDEAO devido à crise política criada a partir da recusa do ex-Presidente e ditador gambiano, Yahya Jammeh, em deixar o poder após a sua derrota nas eleições presidenciais de dezembro de 2016.
Yahya Jammeh viu-se finalmente forçado a partir para o exílio em janeiro de 2017 por pressão internacional e tropas senegalesas entraram em território gambiano.
O Senegal fornece a maior parte dos efetivos da ECOMIG, cujo mandato foi prorrogado em várias ocasiões.
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