"A Zâmbia fê-lo. O Malaui fê-lo. Porque não nós?", disse, em entrevista à agência France-Presse (AFP), referindo-se aos dois países da África Austral onde a oposição ganhou recentemente a Presidência após anos de hegemonia dos partidos no poder.
Hakainde Hichilema, um eterno adversário e seis vezes candidato, venceu as eleições presidenciais zambianas em agosto, provando que "nada é impossível", disse Chamisa.
O Zimbabué tem sido governado pela União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF) desde a sua independência há 42 anos.
Mas a última eleição presidencial em 2018 foi ganha por pouco pelo candidato da ZANU-PF Emmerson Mnangagwa, contra Nelson Chamisa e o seu Movimento para a Mudança Democrática (MDC).
Segundo Chamisa, a oposição está agora sob ataque constante porque o governo está a perder terreno e sente-se ameaçado: "Estão a tentar dizimar-nos, destruir-nos, dividir-nos pela violência".
Sucessor de Robert Mugabe, que governou o país com mão de ferro durante 37 anos, Emmerson Mnangagwa é regularmente acusado de tentar amordaçar qualquer opinião dissidente, particularmente através de detenções.
"Literal e metaforicamente, estamos na boca do crocodilo", disse Chamisa.
Emmerson Mnangagwa é apelidado de "crocodilo", em referência à feroz unidade guerrilheira "Crocodile Gang" a que pertencia durante a luta contra o domínio branco no que era então a Rodésia.
Para o adversário, o desafio de uma mudança política é trazer "uma vida melhor aos zimbabueanos". Quando chegou ao poder em 2017, Emmerson Mnangagwa prometeu reformas, mas o país ainda está atolado numa crise económica catastrófica.
"Precisamos de consertar o Zimbabué, para restaurar a dignidade dos seus cidadãos", afirmou.
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