Sobrevivente contra uso da estrela de David por antidemocratas
Uma sobrevivente do Holocausto pediu hoje a ação do Parlamento Europeu para preservar a memória do Holocausto e lutar contra a sua instrumentalização, indignada por ver "novos inimigos da democracia" usar o símbolo da estrela amarela de David.
© Getty Images
Mundo Holocausto
"É com grande preocupação que vejo que o Holocausto e a guerra de conquista e extermínio travada pelos nazis está a cair cada vez mais no esquecimento", disse Margot Friedländer, de 100 anos, convidada da cerimónia no Parlamento Europeu para assinalar o 77.º aniversário da libertação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.
"Hoje, vejo como a memória do que aconteceu é politicamente instrumentalizada, às vezes até ridicularizada e pisada", disse. "Vi, incrédula, aos cem anos, como um símbolo da nossa exclusão pelos nazis, a estrela amarela, é hoje descaradamente usado pelos novos inimigos da democracia, nas ruas -- e numa democracia!", indignou-se.
Este símbolo foi usado por alguns opositores das vacinas contra a Covid-19, durante manifestações na Europa, incluindo França, Itália e Bélgica.
"Num dia como o de hoje, temos de nos unir para que a memória do Holocausto permaneça autêntica e não seja instrumentalizada por ninguém", prosseguiu a sobrevivente, que foi deportada para o campo de concentração de Theresienstadt (agora na República Checa) quando tinha 20 anos, e cuja mãe e irmão morreram em Auschwitz, principal símbolo do Holocausto.
"Não se pode amar toda a gente, mas todos têm de respeitar. Não há sangue cristão, judeu ou muçulmano, só há sangue humano", acrescentou a centenária.
"Isto não deve voltar a acontecer", repetiu, apelando à "vigilância", num discurso saudado por uma ovação de pé por parte dos membros do Parlamento Europeu, instituição presidida entre 1979 e 1982 por Simone Veil, ela própria uma sobrevivente do Holocausto.
"A vossa missão também é nossa", disse Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, que apresentou em outubro a sua estratégia para "combater o antissemitismo e apoiar a vida judaica", destinada em particular a promover a transmissão da história do Holocausto.
"O antissemitismo não desapareceu, ainda envenena as nossas sociedades", alertou Von der Leyen.
"A Europa é a casa dos judeus e a defesa da democracia europeia requer a luta contra o antissemitismo", disse também o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na cerimónia, que terminou com um minuto de silêncio em memória das vítimas do Holocausto.
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto assinala a data em que o exército soviético libertou Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro de 1945.
Leia Também: Ferro Rodrigues recorda vítimas do Holocausto em Dia Internacional
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com