Agendada para as 10h00 (15h00 em Lisboa), esta será a primeira reunião pública na qual o principal órgão decisório da ONU vai abordar a tensão entre Ucrânia e Rússia, apesar da oposição de Moscovo a uma discussão do assunto com os outros membros do conselho.
Segundo fontes norte-americanas, a reunião visa pressionar a Rússia para uma solução negociada e dar a Moscovo uma oportunidade de explicar o seu comportamento às outras potências, com Washington a considerar a mobilização de mais de 100 mil soldados russos para a fronteira ucraniana uma ameaça à paz internacional.
"A situação no terreno exige que nos empenhemos na diplomacia preventiva para evitar uma crise antes de ela chegar a nós", disse na sexta-feira um alto funcionário norte-americano que falou aos repórteres sob condição de anonimato. Segundo a fonte, a reunião do Conselho de Segurança faz parte de uma estratégia para convencer a Rússia a excluir a intervenção militar na Ucrânia e a retirar as suas tropas.
Contudo, Moscovo alega que os EUA estão a recorrer a "alegações e suposições infundadas", sendo que o vice-embaixador russo na ONU, Dmitry Polyanskiy, já afirmou que esperava que os outros Estados-membros "não apoiem esta clara manobra de relações públicas", rotulando esta situação como "embaraçosa para a reputação do Conselho de Segurança da ONU".
A Rússia ainda pode pedir uma votação processual para bloquear a reunião, mas os EUA e os aliados acreditam ter força suficiente para viabilizar a discussão do tema na reunião. Com efeito, caso Moscovo force o voto, Washington precisa de garantir o apoio de mais oito membros do conselho para travar as intenções russas.
De acordo com fontes diplomáticas, os Estados Unidos nem sequer vão apresentar qualquer texto, cientes de que a Rússia -- que tem poder de veto -- iria bloquear o documento, tal como fez com qualquer iniciativa sobre a Ucrânia discutida nos últimos anos em resposta à sua anexação da península da Crimeia, em 2014.
"Hoje dizem que a Rússia está a ameaçar a Ucrânia. Isto é um completo disparate; não há ameaça", reiterou o Secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, citado pela Interfax, salientando: "Altos funcionários dos EUA afirmam que existe uma ameaça e estão prontos a lutar, fornecendo armas até ao último ucraniano".
A Ucrânia está envolvida numa guerra com separatistas pró-russos na região industrial do Donbass, no leste do país, desde 2014, que diz ser fomentada e apoiada militarmente por Moscovo e que provocou cerca de 14 mil mortos, segundo a ONU.
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