Dois jornalistas desaparecem depois de serem detidos pelos talibãs

Dois jornalistas afegãos que trabalhavam numa estação de televisão local desapareceram depois de terem sido detidos pelos talibãs, informou hoje a Associação de Media afegã, num episódio já condenado pela ONU e a Amnistia Internacional.

Notícia

© WAKIL KOHSAR/AFP via Getty Images

Lusa
01/02/2022 13:39 ‧ 01/02/2022 por Lusa

Mundo

Afeganistão

Waris Hasrat e Aslam Hijab, dois jornalistas da Ariana News, foram detidos pelos talibãs na segunda-feira e "levados para um local desconhecido", disse a associação, um grupo recém-formado que luta pela defesa dos jornalistas.

Sem se referir aos talibãs, um responsável da Ariana News que pediu anonimato disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que os dois jornalistas foram detidos por homens armados e mascarados fora dos escritórios do canal quando saíram para almoçar.

Um porta-voz talibã disse à agência de notícias francesa que não tinha informações sobre o desaparecimento, mas ao canal de televisão as autoridades prometeram que seria conduzida uma "investigação adequada".

Numa mensagem na rede social Twitter, a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA, na sigla em inglês) manifestou preocupação com a situação e apelou aos talibãs para que "expliquem publicamente porque detiveram os repórteres da Ariana News" e respeitem os direitos dos afegãos.

A Amnistia Internacional também condenou a detenção "injustificável" dos dois jornalistas, sublinhando que "os talibãs devem libertá-los imediata e incondicionalmente".

Desde que regressaram ao poder, em agosto de 2021, após 20 anos de insurgência, os talibãs reprimiram vozes dissidentes, detiveram opositores e dispersaram à força os protestos contra o seu regime.

Vários jornalistas afegãos foram espancados enquanto cobriam protestos, que foram proibidos pelas autoridades.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, manifestou preocupação com o que parece ser um "padrão de detenção arbitrária, tortura e maus-tratos" de ativistas da sociedade civil afegã, jornalistas, membros do anterior Governo e ex-forças de segurança.

No início desta semana, um relatório da ONU acusou os talibãs e os seus aliados de matarem mais de uma centena de ex-membros do Governo e das forças de segurança afegãs, bem como afegãos que trabalharam com tropas estrangeiras.

O regime talibã rejeita as conclusões e continua a afirmar ter-se modernizado em comparação com o seu Governo anterior (1996-2001), quando proibia qualquer dissidência e desrespeitavam grande parte os direitos humanos, especialmente das mulheres.

Contudo, as ações do atual Governo talibã são contrárias ao discurso, tendo adotado várias medidas para reprimir novamente as liberdades fundamentais das mulheres, impondo severas restrições aos seus direitos ao trabalho, à educação e às viagens.

Leia Também: Representantes no Afeganistão pedem a talibãs para travar terrorismo

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