Numa intervenção por videoconferência, num painel da unidade de investigação conservadora norte-americana Hoover Institution, Soros argumentou que a variante Ómicron "ameaça provocar a ruína de Xi Jinping", já que o vírus "já não está sob controlo" na China.
"As vacinas chinesas foram projetadas para lidar com a variante [original] de Wuhan, mas o mundo está agora a combater outras variantes", disse Soros.
"Xi Jinping não pode admitir isso enquanto espera ser nomeado para um terceiro mandato -- ele está a esconder isso do povo chinês", frisou Soros.
O Partido Comunista Chinês (PCC) vai decidir no seu próximo Congresso, que se realiza na segunda metade deste ano, se atribui a Xi um terceiro mandato como secretário-geral do Partido.
A decisão quebra décadas de tradição política na China. Os antecessores de Xi cumpriram dois mandatos, visando promover a rotatividade no poder e a noção de "liderança coletiva".
Soros argumentou que as tentativas de Xi de impor "controlo total" sobre o país por meio de uma série de bloqueios e outras medidas restritivas podem comprometer as suas possibilidades de ser reintegrado como líder do partido, já que a estratégia "é improvável que funcione contra uma variante tão infecciosa como a Ómicron".
O investidor e filantropo garantiu que, apesar da autoridade de Xi, ele tem "muitos inimigos".
"Embora ninguém se possa opor a Xi publicamente, há uma luta interna no PCC, que é tão acirrada que encontrou expressão em várias publicações do Partido", disse.
"Xi está sob ataque daqueles que são inspirados pelas ideias do [ex-líder] Deng Xiaoping e querem ver um papel maior da iniciativa privada", argumentou.
Soros disse também que a China enfrenta uma crise económica centrada no mercado imobiliário -- um importante motor de crescimento do país.
"O modelo em que se baseia o 'boom' do imobiliário é insustentável", explicou.
"As pessoas que compram apartamentos têm que começar a pagar pelos imóveis antes mesmo de serem construídos, então o sistema é centrado no crédito. Os governos locais obtêm a maior parte das suas receitas com a venda de terrenos a preços cada vez maiores", frisou.
O setor imobiliário da China está sob pressão, à medida que as autoridades tentam reduzir os níveis de alavancagem e aumentar os ratios de liquidez. Várias empresas do setor entraram em incumprimento, incluindo a gigante imobiliária Evergrande.
"Resta ver como as autoridades vão lidar com a crise [do setor imobiliário]", disse Soros.
"A situação atual não parece promissora para Xi", acrescentou.
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