"Tomámos várias medidas, nas últimas semanas e meses, e espero que possamos tomar medidas adicionais, tendo em consideração os ataques condenáveis dos Huthis do Iémen nos últimos dias e semanas", referiu o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
O governo norte-americano tem sido pressionado a colocar os rebeldes iemenitas, apoiados pelo Irão, na sua lista de organizações terroristas.
Uma das primeiras medidas relacionadas com a política externa do Presidente Joe Biden, após chegar à Casa Branca há cerca de um ano, foi retirá-los da lista de sanções, de forma a dar uma oportunidade à via diplomática para solucionar o conflito no Iémen, mas também para facilitar a entrega de ajuda humanitária.
No entanto, a solução política esperada não se concretizou e prossegue o conflito entre os Huthis e as forças da coligação militar liderada pela Arábia Saudita.
Em 19 de janeiro, durante uma conferência de imprensa, Biden tinha apenas admitido que estava "em estudo" a atualização da 'lista negra'.
"Não hesitaremos em sancionar líderes e entidades Huthis envolvidas em ofensivas militares que ameaçam civis e a estabilidade regional", assegurou hoje Ned Price.
Os Emirados, que fazem parte da coligação militar que opera no Iémen desde 2015, foram alvo de três ataques com mísseis e drones em janeiro, um dos quais matou três trabalhadores migrantes.
O segundo ataque, a 24 de janeiro, visou a base aérea de Al-Dhafra onde estão estacionadas as forças norte-americanas, que intercetaram mísseis lançados pelos Huthis.
Os Huthis levaram a cabo várias operações contra a Arábia Saudita, mas o ataque de 17 de janeiro em Abu Dabi foi o primeiro reconhecido pelos Emirados dentro das suas fronteiras.
A este ataque seguiu-se uma série de bombardeamentos aéreos da coligação no Iémen e ofensivas terrestres das forças governamentais contra os rebeldes Huthis.
Uma força paramilitar apoiada pelos EAU liderou este mês uma ofensiva que possibilitou ao Governo iemenita recapturar uma província do sul do país que estava sob o controlo dos rebeldes.
A escalada do conflito nas últimas semanas resultou no deslocamento de mais de 10.000 pessoas entre dezembro e janeiro, alertou também hoje o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
Segundo o OCHA, a situação é particularmente preocupante em Marib e de acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações 8.124 pessoas (1.369 famílias) foram deslocadas naquele período, a maioria destas para campos de refugiados próximos da linha da frente.
A ofensiva dos rebeldes iemenitas Huthis na região já provocou ainda, na província vizinha de Shabua, o deslocamento de mais de 2.280 pessoas (cerca de 280 famílias) na última semana de dezembro.
O OCHA estima ainda que em Marib existam 11 concentrações populacionais, com cerca de 4.600 famílias, perto da linha da frente e que "provavelmente terão que ser retiradas se os ataques continuarem a intensificar-se".
A situação humanitária a sul desta província está a deteriorar-se, mesmo nas zonas recuperadas pelo governo, e as organizações de ajuda tiveram que suspender as operações devido à escalada do conflito, acrescentou.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) estima em 4,2 milhões o total de deslocados, de um total de 30 milhões de habitantes no Iémen, desde o início do conflito, em 2014, considerado pela ONU como a maior tragédia humanitária do planeta.
A guerra no Iémen matou 130.000 pessoas desde 2015, tanto civis como combatentes, e exacerbou a fome e a miséria em todo o país.
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