Capitólio. Pence afirma que não podia ter anulado eleições presidenciais
O antigo vice-presidente dos Estados Unidos Mike Pence afirmou sexta-feira que não podia ter anulado os resultados das eleições presidenciais de 2020, que deram a vitória a Joe Biden, dizendo que o ex-Presidente Donald Trump "está errado".
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Mundo Mike Pence
"O presidente Trump está errado. Eu não tinha o direito de anular as eleições", disse Pence, num discurso na conservadora Sociedade Federalista na Florida, abordando a falsa narrativa de poderia ter feito alguma coisa para impedir a vitória do candidato democrata.
Mike Pence enquadrou as suas ações naquele dia de acordo com o seu dever como conservador constitucional.
"O povo americano deve saber que vamos manter sempre o nosso juramento à Constituição, mesmo quando for politicamente conveniente fazer o contrário", disse.
O antigo vice-presidente observou ainda que, de acordo com o Artigo II Secção 1 da Constituição, "as eleições são conduzidas a nível estadual, não pelo Congresso" e que "o único papel do Congresso com relação ao Colégio Eleitoral é abrir e contar os votos apresentados e certificados pelos Estados. Nem mais, nem menos".
"Francamente, não há ideia mais antiamericana do que a noção de que qualquer pessoa pode escolher o presidente americano. De acordo com a Constituição, eu não tinha o direito de mudar o resultado da nossa eleição. E Kamala Harris não terá o direito de derrubá-la quando os vencermos em 2024", apontou.
Num comunicado terça-feira divulgado, Trump disse que a comissão que investiga o seu papel no ataque ao Capitólio, em 06 janeiro de 2021, deveria investigar "por que Mike Pence não devolveu os votos para recertificação ou aprovação".
Noutra declaração no domingo, o ex-Presidente criticou Pence alegando falsamente que "poderia ter derrubado a eleição".
O vice-presidente não tem autoridade para anular unilateralmente os resultados de uma eleição, e isso representaria uma rutura profunda com os precedentes e as normas democráticas nos Estados Unidos.
A crescente retórica de Trump vem em resposta a pelo menos dois acontecimentos no Capitólio, estando sob o escrutínio da comissão que investiga a insurreição pelo seu papel na manifestação que deu origem ao ataque de 06 de janeiro de 2021.
Um grupo bipartidário de congressistas está a promover mudanças na Lei de Contagem Eleitoral para eliminar qualquer ambiguidade de que um vice-presidente possa rejeitar eleitores para evitar que um futuro presidente faça as mesmas ameaças.
Os vice-presidentes desempenham apenas um papel protocolar na contagem, mas Trump insiste há muito tempo que Pence poderia ter anulado os resultados das eleições enviando-os de volta para os parlamentos estaduais, citando falsamente a fraude eleitoral em massa.
Vários funcionários eleitorais estaduais e federais, bem como o próprio procurador-geral de Trump, disseram que a eleição foi justa.
Os ataques renovados de Trump ocorrem no momento em que Pence viaja pelo país, realizando arrecadações de fundos para os candidatos nas eleições intercalares.
Pence, ao contrário de alguns possíveis candidatos à presidência em 2024, recusou-se a descartar a possibilidade, podendo concorrer contra Donald Trump.
Um porta-voz de Pence não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre os ataques de Donald Trump. Mike Pence vai fazer um discurso na sexta-feira na conservadora Sociedade Federalista onde poderá responder.
No domingo, Donald Trump admitiu poder vir a perdoar alguns dos insurgentes que participaram no ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021, caso vença as presidenciais de 2024.
Desde o ataque ao Capitólio, mais de 725 pessoas -- incluindo membros dos grupos de extrema-direita Proud Boys, Oath Keepers e Three Percenters -- foram detidas e acusadas pelo seu envolvimento na investida sem precedentes, na qual morreram cinco pessoas.
Enquanto os representantes de diversos estados norte-americanos certificavam a vitória de Joe Biden nas presidenciais de novembro de 2020, apesar dos protestos do seu opositor, apoiantes do candidato republicano irromperam pelo edifício do Congresso, sob a mobilização das palavras de Trump.
No passado dia 13 de janeiro, o fundador do grupo de extrema-direita Oath Keepers, Stewart Rhodes, de 56 anos, foi acusado de "sedição", juntamente com dez outros membros da organização.
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