O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, declarou esta segunda-feira estado de emergência em todo o país para fazer frente aos protestos contra as medidas para combater a propagação da Covid-19.
A decisão de invocar a lei pela primeira vez desde a sua promulgação, em 1988, foi tomada após Trudeau se reunir virtualmente com os líderes das províncias do Canadá esta manhã.
Em conferência de imprensa, o chefe de governo explicou que esta medida sem precedentes será “razoável e proporcional” às necessidades e que as Forças Armadas não serão chamadas para intervir.
“Isto é sobre manter os canadianos seguros, proteger os seus empregos e restaurar a fé nas nossas instituições”, afirmou, acrescentando que, com o estado de emergência, as autoridades terão “mais ferramentas” para deter ou multar manifestantes.
Há mais de duas semanas, centenas e, às vezes, milhares de manifestantes em camiões e outros veículos entupiram as ruas de Otava, a capital, contestando a vacinação obrigatória para camionistas e outras medidas de combate à pandemia adotadas pelo governo liberal de Trudeau.
Membros da chamada ‘Freedom Convoy’ ('Caravana da Liberdade', em tradução livre) bloquearam também vários postos fronteiriços entre o Canadá e os Estados Unidos, embora o mais importante e mais movimentado - a ponte Ambassador, que liga Windsor, Ontário, à cidade norte-americana de Detroit - tenha sido reaberto no domingo, após intervenção da polícia, que deteve os últimos manifestantes e pôs fim ao cerco de quase uma semana que fez parar a indústria automóvel nos dois países, por falta de componentes.
Apesar do fim do bloqueio a esse eixo fronteiriço, a crise prosseguiu hoje no Canadá, levando o Ontário a anunciar o abandono da exigência de certificado de vacinação e Trudeau a equacionar acionar a lei sobre medidas de emergência.
Esta disposição pode ser invocada em caso de "crise nacional" e dá ao governo federal mais poder para lhe pôr termo autorizando "temporariamente medidas extraordinárias".
A lei sobre medidas de emergência só foi utilizada uma vez em tempo de paz, pelo pai de Justin Trudeau, na crise de outubro de 1970. Na época, chamava-se "lei sobre as medidas de guerra".
O governo de Pierre Elliott Trudeau invocou-a para enviar o exército ao Quebeque e tomar uma série de medidas de emergência, após o sequestro pela Frente de Libertação do Quebeque de um adido comercial britânico, James Richard Cross, e de um ministro do Quebeque, Pierre Laporte. Cross foi libertado após negociações, mas o ministro foi encontrado morto na bagageira de uma viatura.
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