"A Rússia fornece atualmente mais de um terço dos produtos energéticos da Alemanha, tanto petróleo (34%) como gás natural (35%)", declarou Putin, numa conferência de imprensa conjunta com Scholz, no final da reunião entre ambos, recordando a forte dependência de Berlim dos hidrocarbonetos russos.
"Mesmo durante o período de preços elevados do gás e de escassez da oferta na Europa, nós continuámos a abastecer os consumidores alemães com base em preços fixados por contratos a longo prazo", bastante inferiores aos preços do mercado a pronto pagamento", sublinhou.
Estes últimos atingiram níveis históricos nos últimos meses, com alguns criticando a Rússia por manter a situação para conseguir a entrada em funcionamento do polémico gasoduto Nord Stream 2.
Perante o chanceler alemão, Putin defendeu, assim, o Nord Stream 2, concluído em 2021 mas aguardando 'luz verde' do regulador alemão.
"Trata-se de um dos maiores projetos de infraestruturas na Europa, destinado a reforçar significativamente a segurança energética no continente e a contribuir para a resolução (...) dos problemas ambientais", enumerou o Presidente russo, insistindo que se trata de um projeto "puramente comercial, não político".
"Hoje, muitos na Europa se preocupam em saber se o gás russo será entregue à Europa em geral e à Alemanha, em particular", acrescentou ainda Putin, respondendo a uma pergunta sobre as críticas feitas na Alemanha após a candidatura de Gerhard Schroeder, de 77 anos, ao conselho de administração da Gazprom.
Se Schroeder for eleito para o cargo, "então, aí teremos uma pessoa honesta que respeitamos, e a Alemanha, os europeus, terão uma pessoa que poderá ao mesmo tempo exercer influência e receber informações diretamente da Gazprom. Só podemos regozijar-nos", sustentou Putin.
A escolha de Schroeder seria "uma coisa natural", acrescentou, recordando que o antigo chanceler alemão é igualmente membro do conselho de administração do gasoduto Nord Stream (da Gazprom), inaugurado em 2011 e em cuja construção desempenhou um papel determinante.
Esta candidatura foi vivamente criticada na Alemanha, onde as posições pró-Kremlin de Schroeder embaraçam o atual chanceler.
Gerhard Schroeder, amigo de longa data de Vladimir Putin, é já presidente do conselho de administração do Rosneft, o principal grupo petrolífero russo.
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