Rússia anuncia que continua a retirada militar na península da Crimeia
A Rússia declarou hoje que continua a retirar as suas forças militares na Crimeia, península ucraniana anexada por Moscovo, na sequência da tensão criada com a colocação das suas forças junto às fronteira da Ucrânia.
© Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
"As unidades do distrito federal do sul que completaram a sua participação nas manobras táticas, nas bases na península da Crimeia, estão a regressar às suas bases, por via ferroviária", afirmou o Ministério da Defesa russo às agências de notícias russas.
A televisão pública russa mostrou um comboio carregado de camiões militares a atravessar a ponte que liga a Crimeia ao território russo.
"Polícias militares de trânsito escoltaram cerca de 10 comboios militares com grandes cargas, pesadas e perigosas", referiu a agência de notícias oficial TASS, citando um comunicado do distrito militar do sul.
Parte da coluna militar passou pela via de Tavrida, pelo estreito de Kerch sobre a ponte da Crimeia, que liga a península à Rússia continental, acrescentou a mesma nota.
A agência de notícias russa Interfax informou, por seu lado, que um novo comboio com equipamento militar também deixou a Crimeia.
"Outro comboio com equipamento militar das unidades do distrito militar do sul atravessou a ponte da Crimeia a caminho do posto de controlo após a conclusão dos exercícios planeados", referiu o Ministério da Defesa russo, citado pela Interfax.
"Os integrantes desta unidade carregaram veículos blindados - tanques, veículos de combate de infantaria e instalações de artilharia autopropulsada em plataformas ferroviárias em estações de carga", acrescentou.
No dia anterior, o Ministério da Defesa russo já tinha divulgado vídeos que mostravam uma coluna composta por veículos de combate de infantaria, veículos de combate aéreo, tanques e armamento a cruzarem a ponte da Crimeia, bem como unidades de tanques do distrito militar oeste, também na fronteira com a Ucrânia, a saírem das áreas onde decorriam os exercícios militares.
Após semanas de um agravamento do clima de tensão entre Moscovo e o Ocidente, a Rússia, que sempre negou qualquer plano de invasão da Ucrânia, anunciou nos últimos dois dias a retirada de uma parte das suas tropas.
Um recuo que o Ocidente encarou com desconfiança, com os Estados Unidos da América (EUA) a acusarem Moscovo de ter reforçado a sua presença militar.
A tensão entre Kiev e Moscovo aumentou desde novembro passado, depois de a Rússia ter estacionado mais de 100.000 soldados perto da fronteira ucraniana, o que fez disparar alarmes na Ucrânia e no Ocidente, que denunciou os preparativos para uma invasão daquela ex-república soviética.
Em dezembro, a Rússia exigiu garantias de segurança por parte dos EUA e da NATO para impedir que a Aliança Atlântica se expandisse mais para o leste e estacionasse armas ofensivas perto de suas fronteiras.
Desde então, têm sido desenvolvidos intensos esforços diplomáticos para tentar diminuir o clima de tensão e impedir uma escalada militar, com vários representantes ocidentais a visitarem, nas últimas semanas, as capitais da Ucrânia e da Rússia.
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