"É absolutamente falso que a crise seja sobre a adesão da Ucrânia à NATO"
Ministro da Defesa português considera que a mobilização do exército russo para a fronteira coma Ucrânia "representa uma postura altamente agressiva e intimidatória" e que o conflito pode escalar "nas próximas horas ou nos próximos dias".
© Global Imagens
Mundo Rússia/Ucrânia
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, descartou este sábado a hipótese de o conflito entre a Rússia e a Ucrânia ser motivado pela adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
“A adesão da Ucrânia à NATO foi discutida em 2008. Nessa altura decidiu-se que não havia condições para a NATO aceitar a Ucrânia e desde então o assunto tem ficado exatamente nesse ponto”, começou por afirmar o ministro em declarações à CNN Portugal, a partir de Munique.
“É absolutamente falso que esta crise seja sobre a adesão da Ucrânia à NATO. Essa matéria não está em cima da mesa. Portanto, nem aqui em Munique, nem ao longo dos últimos 13, 14 anos se discutiu essa possibilidade”, acrescentou.
Sobre as tensões na zona Leste da Ucrânia, Gomes Cravinho adiantou que este foi “o grande tema da discussão” na conferência de segurança e sublinha que “há uma grandíssima preocupação” com a concentração militar “sem precedentes desde o final da Guerra Fria na Europa” e com a “possibilidade que existe de um qualquer incidente espoletar um conflito militar muito mais alargado”.
“Há um conjunto de opiniões diversas sobre aquilo que poderá ser o objetivo do presidente Putin, mas quanto a nós - perspetiva portuguesa e partilhada por muitos outros na conferência - é fundamental manter o diálogo e é inaceitável que as fronteiras da Europa e a arquitectura de segurança na Europa sejam alteradas por via da força”, acrescentou.
E frisou: “Nós temos regras para o relacionamento internacional e são essas as regras que têm de imperar e não simplesmente a vontade do mais forte.”
Gomes Cravinho revelou ainda que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, “está muitíssimo preocupado em relação ao que se passa nas suas fronteiras” e que “fez um apelo em duplo sentido” na conferência em Munique.
“Não apelou a que a NATO aceitasse a Ucrânia como membro. Isso não fez parte do discurso do presidente Zelensky. A ideia dele é que a Ucrânia precisa de garantias de segurança. Não precisa de ser entrando na NATO”, explicou.
O segundo apelo prende-se com o facto de a Ucrânia precisar “do apoio da comunidade internacional para a sua economia não sofrer um impacto terrível”.
“Resume-se tudo pela ideia de solidariedade em relação à Ucrânia”, acrescentou Gomes Cravinho, frisando a necessidade de “diálogo de todos”, incluindo com Putin, de forma a "compreender melhor" a ideia de mobilizar mais de uma centena de milhar de militares para as fronteiras.
"Representa uma postura altamente agressiva e intimidatória, com potencial para uma incursão, invasão em grande escala, nas próximas horas ou nos próximos dias", considerou Gomes Cravinho.
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