"Depois de ter começado de forma unilateral a primeira e a segunda etapas do enchimento da barragem, (...), este passo é mais uma violação pela parte etíope dos seus compromissos assumidos na Declaração de Princípios de 2015", alertou o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio em comunicado.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou hoje oficialmente a produção de eletricidade na Grande Barragem do Renascimento Etíope, no Nilo Azul, ao pôr em funcionamento a primeira de 11 turbinas deste projeto milionário, fortemente contestado pelo Egito e pelo Sudão.
"O início da geração de eletricidade nesta barragem é uma bênção, não só para nós, mas também para o Egito e o Sudão", disse Abiy num discurso na inauguração.
Considerada o maior projeto hidroelétrico do continente africano e um dos maiores do género em todo o mundo, a barragem enfrenta a oposição do Cairo e de Cartum, que temem que afete o caudal de água do Nilo à passagem pelos seus territórios.
O acordo referido pelo Ministério egípcio foi assinado em 2015 e estabelece que a barragem não deve afetar a economia, o caudal do rio ou a segurança alimentar de qualquer dos três países.
No entanto, as negociações realizadas desde então não permitiram pôr os três países de acordo, com o Egito e o Sudão a acusarem Adis Abeba de avançar com as sucessivas fases de enchimento da barragem de forma unilateral.
O Egito considera este tema uma questão de "segurança nacional", já que obtém do Nilo 90% da água que consome.
O Nilo Azul, rio que conflui com o Nilo Branco e com o rio Atbara, é um dos principais afluentes do rio Nilo, sendo responsável, durante a estação chuvosa, por até 80% da água deste último.
Sudão e Egito temem que a construção do projeto coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.
A Etiópia considera, por seu lado, que o projeto é estratégico para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação, como em termos de produção de eletricidade.
Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e eletricidade para cerca de 10 países da África Oriental.
Leia Também: PM etíope põe em funcionamento polémica barragem no Nilo Azul