Ucrânia. Boris rejeita "olhar para o lado" e admite intervenção militar
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu intervir de forma militar no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, vincando que a invasão russa "deve acabar em fracasso" e que o Reino Unido "não vai olhar para o lado".
© Lusa
Mundo Ucrânia
Referindo o direito soberano da Ucrânia à liberdade e democracia, disse: "Nós -- e o mundo -- não podemos permitir que essa liberdade seja simplesmente extinta. Não podemos e não vamos simplesmente olhar para o lado".
Johnson adiantou que, com outros líderes internacionais, vai preparar um "pacote massivo de sanções económicas destinadas a abanar gradualmente a economia russa", defendendo o fim da dependência do petróleo e gás russo.
"A nossa missão é clara. Diplomaticamente, politicamente, economicamente -- e, eventualmente, militarmente -- esta operação hedionda e bárbara de Vladimir Putin deve terminar em fracasso", afirmou.
O Governo britânico tem rejeitado a mobilização no futuro próximo de tropas britânicas para a Ucrânia, alegando que o país não é membro da NATO, mas já enviou material bélico e promoveu ações de treino dos soldados ucranianos.
Reforçou também a presença com soldados na Polónia e Estónia, no leste da Europa, e mobilizou navios de guerra para o Mar Mediterrâneo e aviões de combate para a base militar no Chipre.
O primeiro-ministro britânico disse que "este ato de agressão desenfreada e imprudente é um ataque não apenas à Ucrânia", mas também "um ataque à democracia e à liberdade, na Europa de Leste e em todo o mundo".
Johnson vai fazer uma declaração no Parlamento à tarde, onde deverão ser apresentadas novas sanções económicas à Rússia.
Antes, vai participar numa reunião por videoconferência está prevista com líderes do G7 e pediu "uma reunião urgente com todos os lideres da NATO o mais brevemente possível".
Entretanto, a ministra do Interior, Priti Patel, disse estar a acompanhar os desenvolvimentos do conflito e disse que as autoridades britânicas estão "especialmente atentas ao potencial de ataques cibernéticos e desinformação provenientes da Rússia".
"Há trabalho em curso em todo o Governo 24 horas por dia, sete dias por semana, para maximizar a nossa resiliência a esses ataques, o que seria recebido com uma resposta adequadamente robusta", vincou.
Além de ter convocado o embaixador russo em Londres para explicar "a invasão ilegal e não provocada da Ucrânia pela Rússia", o Ministério dos Negócios Estrangeiros aconselhou logo de manhã os cidadãos britânicos a saírem da Ucrânia imediatamente, se possível, e a "ficarem dentro de casa, longe das janelas" se não puderem sair.
Várias companhias aéreas britânicas, nomeadamente a Wizz Air e a Ryanair, já suspenderam voos entre o Reino Unido e a Ucrânia.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque responde a um "pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk", no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.
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