O ataque foi condenado pela comunidade internacional, nomeadamente na parte ocidental, com reuniões de urgência em vários países. Os 27 membros da União Europeia reúnem-se hoje à tarde em cimeira, em Bruxelas, enquanto a NATO convocou uma cimeira, em videoconferência, para sexta-feira.
O Presidente russo deu o sinal para as hostilidades hoje de madrugada, após reconhecer a independência dos territórios separatistas ucranianos de Donbass, fazendo validar na terça-feira uma intervenção militar pelo parlamento russo.
"Tomei a decisão de uma operação militar especial", anunciou o chefe do Kremlin numa declaração na televisão antes das 06:00 (03H00 GMT).
"Vamos esforçar-nos para alcançar a desmilitarização e a desnazificação da Ucrânia", acrescentou.
"Não temos nos nossos planos uma ocupação dos territórios ucranianos, não pretendemos impor nada pela força a ninguém", declarou, apelando aos militares ucranianos para "deporem as armas".
Justificou-se repetindo acusações infundadas de um "genocídio" orquestrado por Kiev nos territórios separatistas pró-russos e alegando um pedido de ajuda dos separatistas, face ao que classificou de política agressiva da NATO, que instrumentalizaria a Ucrânia contra a Rússia.
O porta-voz, Dmitri Peskov, precisou a meio do dia que "a duração (da operação) será determinada pelos resultados e pertinência".
O ataque visa eliminar os "nazis" que, segundo Moscovo, estão a atuar na Ucrânia. Peskov escusou-se a responder se Moscovo considera o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um "nazi".
O espetro da Segunda Guerra Mundial foi também levantado por Volodymyr Zelensky, que comparou a invasão russa à ofensiva nazi de 1941 contra a Ucrânia, então parte da União Soviética.
Desde o amanhecer, logo após o discurso de Putin, uma série de explosões foi ouvida em Kiev, em Kramatorsk, cidade do leste que serve de quartel-general ao exército ucraniano, em Kharkiv (este), segunda cidade do país, Odessa (sul), no mar negro, e em Marioupol, principal porto do leste do país.
O Presidente Zelensky proclamou a lei marcial no país, apelando aos cidadãos para "não entrarem em pânico", antes de anunciar a rutura das relações diplomáticas com Moscovo.
Cerca das 10:00, um elemento da sua equipa indicou que "mais de 40 militares ucranianos foram mortos e dezenas feridos", e "cerca de 10 civis mortos".
As autoridades da região de Odessa indicaram, por seu lado, que 18 pessoas foram mortas numa localidade atingida pelos ataques, sem que se saiba se estas vítimas foram contablizadas no balanço geral.
Duas horas mais tarde, a ofensiva parecia visar diretamente Kiev: as autoridades ucranianas indicaram que as forças terrestres russas tinham entrado nos arredores da capital e que um avião militar ucraniano caiu na região, com 14 pessoas a bordo.
A Ucrânia, tal como a vizinha Moldávia, fechou o espaço aéreo à aviação civil. Os voos foram cancelados desde os aeroportos das principais cidades do sul da Rússia, perto da Ucrânia.
Moscovo fechou a navegação no mar de Azov, que banha a Ucrânia e a Rússia.
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