Antigo ministro da Venezuela critica apoio de Caracas à Rússia

Um antigo ministro da Venezuela criticou o apoio do Governo do Presidente do país à operação militar da Rússia na Ucrânia e afirmou que Nicolás Maduro "vai pagar caro" esta posição.

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Lusa
26/02/2022 06:30 ‧ 26/02/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

"A realidade indica que a paz da Rússia é a paz dos sepulcros. Dizem apoiar a paz mundial, mas [o Governo venezuelano] apoia um país cuja guerra de agressão ameaça desencadear uma guerra mundial", escreveu o antigo ministro da Comunicação e do Turismo Andrés Izarra na rede social Twitter.

Para o antigo responsável, Maduro "vai pagar caro" o apoio ao homólogo russo, Vladimir Putin, sublinhando que "a posição política que escolheu é contrária à doutrina bolivariana de paz, aumentando a vulnerabilidade" da Venezuela.

"Não há imperialismo bom nem mau. Todo o imperialismo é mau, venha de onde vier", afirmou Izarra, para quem as sanções internacionais contra a Rússia serão apenas simbólicas, advertindo ainda que os fluxos financeiros da empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) "estão em risco".

Andrés Izarra lembrou que "há princípios" a respeitar como a soberania dos povos, a integridade territorial e condenar a expansão de pactos militares.

Por outro lado, o ex-deputado e economista Adel El Zabayar e os deputados Roy Daza e Jacobo Torres, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) apoiam a posição do Governo, de acordo com a imprensa venezuelana.

Adel El Zabayar disse acreditar que "a Rússia esgotou todos e cada um dos mecanismos para evitar" uma crise com a Ucrânia, perante "o assédio permanente, massacres, bombardeamentos indiscriminados, a destruição de minas de carvão", situação que deixou milhares de trabalhadores sem rendimentos e obrigou Moscovo a atuar.

O economista acusou os Estados Unidos e a NATO de financiarem atos terroristas contra indústrias e líderes populares, sublinhando que a posição assumida pela Venezuela "é digna, demonstrou valentia e absoluto exercício de soberania e autodeterminação".

Aos jornalistas, o deputado Roy Daza acusou os EUA de terem violado o direito internacional desde a queda da antiga União Soviética e a NATO de estar "a cercar militarmente" a Rússia.

Na opinião de Daza, a posição de Caracas "é clara" ao defender "o direito da Rússia a defender-se", mas indicou que deve existir uma solução diplomática para a crise.

Também o deputado Jacobo Torres disse que, ao apoiar Putin, a Venezuela está a defender a paz, enquanto "a Rússia está a evitar uma terceira guerra mundial".

Na sexta-feira, a Venezuela pediu uma resolução pacífica do conflito Rússia-Ucrânia, depois de a ofensiva militar russa em várias localidades ucranianas, acusando a NATO e os EUA de violarem os acordos existentes.

Caracas disse ainda condenar as sanções internacionais contra a Rússia, por afetarem os direitos humanos do povo russo, enquanto a oposição venezuelana criticou o apoio de Caracas à Rússia e as alegadas intenções russas de usar a Venezuela com fins bélicos para pressionar os EUA.

Em janeiro, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Riabkov, disse à estação de televisão russa RTVI TV não excluir a possibilidade de enviar equipamento militar para Cuba e Venezuela, perante o aumento da pressão dos EUA sobre a Rússia.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100 mil deslocados no primeiro dia de combates.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e 'desnazificar'" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

Leia Também: Ucrânia. China recomenda máxima discrição aos seus cidadãos

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