"Em relação à continuação do programa ExoMars, as sanções e o contexto mais amplo tornam o lançamento em 2022 muito improvável", refere uma declaração da ESA, acrescentando que o diretor-geral da agência, Josef Aschbacher, "analisará todas as opções e preparará uma decisão formal sobre o caminho a seguir pelos Estados-membros".
A ESA, que hoje reuniu os seus Estados-membros para avaliar as consequências da guerra na Ucrânia nos seus programas, previa enviar em setembro, após vários atrasos, o robô Rosalind Franklin para Marte, ao abrigo da missão ExoMars, na qual a agência espacial russa (Roscosmos) é parceira.
Na sexta-feira, um dia depois da invasão russa da Ucrânia, o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher, disse, na rede social Twitter, que se mantinha a cooperação espacial com a Rússia e que a agência continuava "a trabalhar em todos os seus programas, incluindo a Estação Espacial Internacional e o ExoMars, para cumprir os compromissos com os Estados-membros e parceiros".
Na declaração hoje divulgada, a ESA adianta que a Roscosmos decidiu "retirar a sua força de trabalho" da base espacial europeia de Kourou, na Guiana Francesa, de onde a ESA envia satélites a bordo de lançadores russos Soyuz.
Como alternativa, a ESA refere que irá avaliar, "para cada carga institucional europeia sob sua responsabilidade, o serviço de lançamento apropriado, com base principalmente nos sistemas de lançamento atualmente em operação e nos próximos lançadores" europeus Vega C e Ariane 6.
Na declaração, a ESA sublinha que as suas decisões estão alinhadas com as decisões dos Estados-membros e "em estreita coordenação com parceiros industriais e internacionais", em particular com a agência espacial norte-americana (NASA) na Estação Espacial Internacional, a "casa" dos astronautas na órbita da Terra onde se fazem experiências científicas.
Além da ESA e da NASA, são parceiros na Estação Espacial Internacional a Roscosmos e as agências espaciais canadiana (CSA) e japonesa (JAXA).
"Estamos a dar prioridade absoluta à tomada de decisões adequadas, não só para o bem da nossa força de trabalho envolvida nos programas, mas no pleno respeito dos nossos valores europeus, que sempre moldaram fundamentalmente a nossa abordagem à cooperação internacional", justifica a ESA, lamentando "as trágicas consequências da guerra na Ucrânia".
A ESA tem 22 países-membros, incluindo Portugal, que partilha até 2023 com a França a presidência do Conselho Ministerial, órgão governativo da agência onde têm assento os ministros que tutelam as atividades espaciais.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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