"Temos de reduzir a nossa dependência [de gás da Rússia], mas eu tenho estado a ouvir durante os últimos 20 anos que temos de diminuir esta dependência e, no entanto, em vez de o fazermos, esta dependência aumentou nos últimos 20 anos", declarou Josep Borrell.
Discursando em Bruxelas no final da sessão plenária extraordinária da assembleia europeia dedicada aos confrontos na Ucrânia, após a invasão russa do país na semana passada, o Alto Representante da UE para a Política Externa exortou a "colocar em prática do que é dito" no que toca ao setor energético.
"Nós pagamos 700 mil milhões de dólares [cerca de 625 mil milhões de euros, ao câmbio de hoje] pelas importações de gás, petróleo e carvão da Rússia e todos os anos importamos milhões metros cúbicos de gás", precisou Josep Borrell.
"Temos diante de nós um forte trabalho a fazer e temos de continuar empenhados e de explicar às pessoas o que significa", adiantou o chefe da diplomacia europeia, defendendo aposta "na capacidade do hidrogénio e das renováveis".
Para Josep Borrell, em altura de fortes tensões geopolíticas devido ao conflito armado na Ucrânia, "este é o momento para a União Europeia discutir sobre o que quer ser, quais são os limites do que pode fazer e o que quer fazer no futuro".
A UE tem vindo há vários anos a tentar reduzir a dependência energética da Rússia, principal fornecedor europeu, nomeadamente devido à posição geopolítica russa e perante problemas de abastecimento, procura essa que se tornou mais ativa após a invasão russa da Ucrânia, nomeadamente por fontes alternativas junto de outros países.
A Rússia (41,1%) era em 2019 o principal fornecedor de gás à UE, seguida da Noruega (16,2%), da Argélia (7,6%) e do Qatar (5,2%), segundo dados oficiais, sendo também o principal exportador de combustível sólido para o bloco (46,7%).
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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