Enquanto as tropas russas se aproximam de Kyiv, e as forças ucranianas e os próprios residentes lutam para defender a capital, mulheres continuam a dar à luz e crianças nascem em plena guerra. Num hospital da cidade, pais, futuros pais, filhos e irmãos protegem-se dos bombardeamentos numa cave.
Em declarações à Reuters, Alena Shinkar, que se prepara para ser mãe, conta que está naquela maternidade desde 24 de fevereiro e confessa que os nervos que se apoderam de si se devem mais ao barulho causado pelas explosões constantes na capital do que propriamente ao facto de se estar a preparar para dar à luz.
"Não devia estar stressada neste momento, estou a tentar acalmar-me, mas é claro que é terrível o que está a acontecer (…). Estamos a viver um verdadeiro inferno. Nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer em pleno século XXI", disse, relatando que viu mulheres que haviam acabado de passar por uma cesariana a correr para passagens subterrâneas, para se protegerem de bombardeamentos.
Já Yula foi mãe no passado dia 28 de fevereiro e elogia a equipa do hospital, que continua a trabalhar em pleno conflito.
“Estamos seguros aqui, os melhores profissionais trabalham aqui e estamos muito orgulhosos deles”, afirmou, citada pela Reuters.
À mesma agência noticiosa, Dmytro Govseyev, chefe daquela maternidade, explica que a maioria da equipa não deixou o hospital desde que a invasão começou, há uma semana.
“Cerca de 70% dos funcionários ficam aqui, permanentemente, no trabalho”, indicou, sublinhando depois a situação vivida durante os partos. “O trabalho de parto leva normalmente cerca de 10 a 15 horas e pode haver um alerta de ataque aéreo e as mulheres precisam de mudar-se para o abrigo”, elucidou.
Dmytro Govseyev lembra que no primeiro dia da invasão russa à Ucrânia acordou com uma explosão e “gritos de mulheres” e considera que o país vive agora um “pesadelo”. “Espero que este pesadelo veja a paz", completou.
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