Lavrov quer que Rússia e Ucrânia negoceiem de igual para igual

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirmou ainda que as baixas civis do lado da Ucrânia se devem ao facto de Zelensky os usar "como escudos humanos".

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Tomásia Sousa
03/03/2022 10:05 ‧ 03/03/2022 por Tomásia Sousa

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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou hoje que a Rússia se vai sentar com Ucrânia para negociar, desde que "seja uma negociação entre partes iguais".

Lavrov, que voltou a fazer comparações entre o Ocidente e os nazis, comparando "o controlo sobre a Europa" dos EUA a Hitler e a Napoleão, acredita que alguns líderes mundiais estejam a preparar-se para uma guerra contra a Rússia.

"Napoleão e Hitler tinham o objetivo de ter toda a Europa sob o seu controle - agora os americanos têm a Europa sob controle", afirmou numa videoconferência de imprensa a partir de Moscovo, citado pela agência francesa AFP.

Apesar de criticar os americanos e os britânicos, que acusa de procurarem o conflito, Lavrov diz que a Rússia está disponível para negociar um acordo, "na condição de que seja uma negociação entre partes iguais".

Lavrov referiu-se a comentários recentes dos seus homólogos francês, Jean-Yves Le Drian, e britânica, Liz Truss, sobre a dissuasão nuclear e o risco de guerra com a Rússia.

"Se algumas pessoas estão a planear uma verdadeira guerra contra nós, e eu penso que estão, deveriam pensar cuidadosamente", disse Lavrov.

Na conferência de imprensa, Lavrov assegurou que "não passa pela cabeça" do Kremelin iniciar uma guerra nuclear e indicou que há "uma doutrina militar que descreve os perímetros e as condições para a aplicação ou implantação de armas nucleares".

"O tema da guerra nuclear está constantemente na mente do Ocidente, mas não na dos russos. Asseguro que não vamos permitir que nenhum tipo de provocação nos desequilibre", afirmou ainda Sergei Lavrov, citado pela Sky News.

Em declarações à televisão estatal russa, Sergei Lavrov acrescentou que o "Ocidente não pode ignorar" as preocupações da Rússia "para sempre".

O ministro russo acusou ainda o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de presidir a "uma sociedade onde o nazismo floresce" e justificou as baixas civis do lado da Ucrânia porque Zelensky os usa "como escudos humanos".

"Se repararem, a Europa e os EUA estão a tentar bloquear quaisquer meios de comunicação da Rússia que cobrem o que está a acontecer na Ucrânia, como a operação militar especial está a desenvolver-se e como o exército ucraniano - especialmente os batalhões nazistas - estão a comportar-se em relação aos seus civis", acusou.

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, no domingo, que colocou em alerta o sistema de dissuasão nuclear do exército russo, uma decisão que suscitou inquietação em muitas capitais do mundo e declarações contra uma nova escalada.

Lavrov acusou também os EUA de terem ordenado o cancelamento do gasoduto Nord Stream 2, que iria fornecer gás russo diretamente à Alemanha, considerando que isso "mostra o lugar" de subjugação da União Europeia (UE).

O chefe da diplomacia russa descreveu a questão ucraniana como um "filme de Hollywood" escrito pela comunicação social ocidental, em que a Rússia desempenha o papel de "mal supremo".

Sublinhe-se que a segunda ronda de negociações entre os dois países deverá começar ao início da tarde na Bielorrússia, de acordo com a agência bielorrussa Belta, citando o negociador principal pela Rússia, Vladimir Medinsky.

[Notícia atualizada às 11h18]

Leia Também: AO MINUTO: Zelensky compara russos a vírus; 10 crianças mortas em Kharkiv

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