As negociações entre a Rússia e a Ucrânia serão retomadas esta quinta-feira, pelas 15h00 (12h00 em Lisboa). A informação foi avançada pelo assessor de Vladimir Putin, Vladimir Medinsky, citado pela agência russa Sputnik.
Segundo a mesma fonte, é agora esperada a chegada da delegação ucraniana.
Recorde-se que a segunda ronda de negociações deveria ter começado na quarta-feira, mas foi adiada para hoje. A possibilidade de um cessar-fogo, a pedido a Ucrânia, está entre a agenda de trabalhos. Caso este ponto seja acordado, pode ser colocado o fim, ainda que temporário, aos ataques que a Rússia continua a levar a cabo no país vizinho.
O local escolhido para o encontro é a cidade de Brest, na Bielorrússia, perto da fronteira com a Polónia. Em declarações à agência bielorrusa BELTA, Medinsky explicou que a reunião deveria ter-se realizado em território polaco, mas o local foi alterado devido à "complexidade da logística do lado ucraniano".
A primeira reunião decorreu na segunda-feira, na região bielorrussa de Gomel, no quinto dia de combates na Ucrânia, que foi novamente invadida pela Rússia depois de ter perdido a Crimeia para Moscovo em 2014.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse hoje que a Rússia está pronta para continuar as negociações com a Ucrânia, mas não vai parar a operação militar na Ucrânia até que cumpra os seus objetivos.
"Estamos prontos a negociar, mas vamos continuar a nossa operação, porque não podemos permitir que exista na Ucrânia uma infraestrutura que ameace a segurança da Rússia. A desmilitarização será completada com a eliminação desta infraestrutura e armamento", disse Lavrov numa videoconferência com jornalistas internacionais.
"Mesmo que assinemos um acordo de paz, este deve necessariamente incluir" o ponto de desmilitarização, disse, citado pelas agências internacionais.
O chefe da diplomacia russa lembrou que a delegação de Moscovo apresentou as suas exigências aos negociadores ucranianos no início desta semana, e espera que Kiev responda nas conversações marcadas para hoje.
Lavrov acusou o Ocidente de ter continuamente armado a Ucrânia, treinado as suas tropas e construído bases para transformar o país num baluarte contra a Rússia.
Moscovo alega que essa ação do Ocidente fez com que a Ucrânia se tivesse transformado numa ameaça à segurança da Rússia, forçando-a agir com o ataque lançado em 24 de fevereiro.
Lavrov admitiu, no entanto, que será encontrada uma solução para o conflito.
"É claro que será encontrada uma solução, não tenho dúvidas. As condições, as condições mínimas para nós, são bem conhecidas. Serão discutidas, também em negociações com o lado ucraniano. Aconteceu em Gomel e vai acontecer hoje", disse.
A invasão da Ucrânia pela Rússia provocou um número ainda não determinado de mortos e feridos, bem como mais de um milhão de refugiados.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.
A União Europeia e vários países responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e sanções económicas contra interesses russos, que abrangem Putin e Lavrov.
[Notícia atualizada às 12h14]
Leia Também: AO MINUTO: Zelensky compara russos a vírus; 10 crianças mortas em Kharkiv