"Esta noite poderia ter sido o fim da História para a Ucrânia e a Europa". A (poderosa) frase é de Volodymyr Zelensky, citado pelo The Kyiv Independent, após a Rússia ter, nesta madrugada, bombardeado a central nuclear de Zaporizhzhia.
Trata-se da maior central em território europeu, contando com seis reatores nucleares. Por este motivo, o presidente ucraniano referiu que um eventual desastre nuclear neste local seria uma tragédia seis vezes maior do que Chernobyl - que conta (apenas) com um reator.
"Os tanques russos sabiam para onde estavam a disparar. O objetivo era diretamente a central", vincou ainda Zelensky. A segurança nuclear da central está garantida, afirmaram as autoridades ucranianas, e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que citou o regulador ucraniano, indicou que os níveis de radioatividade no local mantêm-se inalterados.
De recordar que a central de Chernobyl, local do pior desastre nuclear civil da história, em 1986, entretanto desativada, mas depósito de detritos nucleares, caiu nas mãos das tropas russas na semana passada.
Zelensky: Zaporizhzhia Nuclear Plant disaster would be 6 times worse than Chornobyl.
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) March 4, 2022
"This night could have been the end of history for Ukraine and Europe," said Zelensky.
"Russian tank operators knew what they were shooting at, they directly targeted the station."
Em declarações à chegada ao quartel-general da NATO, para uma reunião dos chefes de diplomacia da Aliança, alargada à Suécia, Finlândia e União Europeia (UE), Santos Silva disse esperar que os aliados voltem a condenar "esta guerra perpetrada pela Rússia", que "infelizmente continua em curso", referindo-se então aos mais recentes desenvolvimentos no terreno.
"Ainda esta madrugada, foi atacada uma fábrica nuclear na Ucrânia, com tudo o que de desrespeito pelas regras mínimas isso representa e também pelo perigo que representa também", deplorou.
A Guerra na Ucrânia
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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