Questionado na cidade ucraniana de Lviv pelo diário canadiano The Globe and Mail, Mykhailo Podolyak, apresentado como um colaborador próximo do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que está a começar a ver uma mudança na atitude russa em relação à resistência ucraniana e às sanções internacionais.
"No início da guerra, [os russos] insistiam num domínio total. Não esperavam uma resistência tão forte da Ucrânia", declarou Podolyak.
"Eles só agora estão a começar a aperceber-se do custo real da guerra. E nós começamos agora a ter negociações construtivas", acrescentou o responsável, que participou nas duas primeiras sessões de negociações entre a Rússia e a Ucrânia, na fronteira com a Bielorrússia.
Uma terceira sessão de conversações deverá realizar-se na próxima segunda-feira, segundo a delegação ucraniana.
Os russos "perderam enormes quantidades de equipamento e pessoal. Sanções como nunca vimos estão a destruir a sua economia. O seu país está excluído da cena internacional e a sua propaganda não funciona", sustentou.
Podolyak reiterou o pedido de criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, rejeitado pela NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte), o que provocou uma forte reação do Presidente Zelensky, criticando a Aliança Atlântica por dar "'luz verde' à continuação dos bombardeamentos".
Embora sublinhando que as duas partes nas negociações acordaram não discutir pormenores das reuniões, Podolyak indicou que os objetivos ucranianos continuam a ser um cessar-fogo imediato, garantias de segurança de que a Ucrânia não será novamente atacada e compensações "significativas" pela perda de vidas humanas e danos materiais nas cidades ucranianas.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já fizeram mais de 1,2 milhões de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar e "desnazificar" o país vizinho, afirmando ser a única forma de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu enviando armamento para a Ucrânia e reforçando sanções económicas e financeiras para isolar ainda mais Moscovo.
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