"Amanhã [terça-feira] chega uma aeronave (...) da Força Aérea brasileira com cerca de 12 toneladas de doação ao povo ucraniano. Essa doação chega a Varsóvia e será recebida pelas autoridades polonesas [polacas] que farão entrega e eu retorno nessa mesma aeronave com cerca de 80 brasileiros e ucranianos parentes de brasileiros que manifestaram a intenção de serem repatriados", afirmou Carlos Alberto França, numa conferência de imprensa na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, que iniciou hoje uma visita oficial de dois dias a Portugal entregou à tarde, em Lisboa, o instrumento de ratificação do Brasil ao Acordo de Mobilidade na CPLP ao secretário-executivo da organização, Zacarias da Costa.
O Brasil passou a ser o sexto país da CPLP a concluir o processo de adesão ao Acordo de Mobilidade, que já foi ratificado e completado também por Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
O ministro brasileiro tem, na terça-feira de manhã, um encontro com o seu homólogo português, Augusto Santos Silva e depois segue para Varsóvia, na Polónia.
"Amanhã [terça-feira] à tarde sigo para Varsóvia onde tenho encontros na quarta-feira com o chanceler polaco e também com o assessor internacional do Presidente, na Polónia", disse França, acrescentando que iria lá por duas razões.
"Primeiro para agradecer o apoio do Governo polaco ao trânsito de brasileiros, que estão saindo da Ucrânia nessa situação de conflito" e, depois, porque acompanhará os cidadãos brasileiros e ucranianos familiares de brasileiros no seu regresso ao Brasil no avião enviado pelo governo brasileiro para os repatriar.
Quanto à ajuda que o Brasil vai dar ao povo ucraniano, Carlos Alberto França adiantou que se trata "de 50 máquinas potalizadoras de água, que permitirão o fornecimento de água potável, com uma capacidade de 300 mil litros por dia, refeições e alimentos, que permitirão alimentar 2.400 pessoas, além de duas toneladas de medicamentos doados pelo Ministério da Saúde do Brasil".
Em 19 de fevereiro, a embaixada do Brasil na Ucrânia aconselhou os cidadãos brasileiros a abandonarem "sem demora" as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, tendo em conta o "contexto do aumento das violações de cessar-fogo" na Ucrânia.
Numa mensagem no Facebook, a embaixada do Brasil em Kiev recomendou aos cidadãos brasileiros um redobrar de atenção e que evitem "as províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk". Aos que já estão nessas regiões, apelou para saírem "sem demora".
O apelo da embaixada surgiu na semana em que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, fez uma visita oficial à Rússia, admitindo que a viagem gerou desconforto diplomático noutros países, tendo em conta o clima de tensão por causa da Ucrânia.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.