Editoras polacas unem-se para garantirem livros a crianças refugiadas
Um grupo de editoras polacas está a mobilizar-se para comprar e distribuir livros infantis ucranianos para as crianças refugiadas naquele país, crente de que períodos de fuga imaginativa são essenciais e os livros são o veículo perfeito.
© Getty Images
Mundo Ucrânia
Sob a denominação Universal Reading Foundation, este grupo de editoras procura, deste modo, suavizar a situação de centenas de milhares de crianças deslocadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, noticia o jornal The Washington Post.
Maria Deskur, diretora executiva da Universal Reading Foundation, diz que o seu grupo já chegou a cerca de 40 editoras ucranianas, mas que dadas as circunstâncias mortíferas, apenas cerca de uma dúzia foi capaz de responder: "Alguns fugiram, alguns estão a combater".
Ainda assim, a fundação conseguiu encontrar um armazém em Lviv, Ucrânia, que pode ajudar e, nos próximos dias, as editoras infantis do país invadido enviarão o primeiro lote de cerca de 25.000 livros.
A viagem até à Polónia não é longa, mas Maria Deskur reconhece que pode haver problemas.
Contudo, se e quando os livros chegarem, serão distribuídos por orfanatos, instituições de assistência social, infantários, escolas e bibliotecas.
"Faremos tantas rondas quantas forem necessárias e possíveis. Isto é para ajudar as crianças ucranianas e editoras ucranianas ao mesmo tempo. A sobrevivência da indústria do livro é crucial para o futuro", destaca a responsável.
Há três dias, um hotel perto de Varsóvia acolheu mais de 1.600 órfãos, com idades compreendidas entre os 3 e os 18 anos.
"O nível emocional da situação é verdadeiramente inimaginável. Estou demasiado cansada para tentar sequer imaginar o que isso significa - psicologicamente, emocionalmente, logisticamente", desabafa a diretora da fundação.
Maria Deskur conta que conhece um convento em Varsóvia que aceitou acolher os residentes deslocados de um orfanato ucraniano, quase 100 crianças, "todas com menos de 2 anos, sem roupa, fraldas, nada".
Os livros são concebidos de forma única para oferecer conforto, diz Maria Deskur, acrescentando que "um momento alegre de partilha de livros e de conversa com uma pessoa próxima é o momento definitivo de segurança, que constrói os fundamentos da nossa competência social, autoestima e bem-estar psicológico".
"Nenhum brinquedo, nenhum filme, nenhum jogo pode dar tudo isso a uma criança", sublinha, considerando que, em particular, para estas que acabaram de viver um trauma, "a sua futura estabilidade psicológica pode depender disso".
A iniciativa abrange também os adolescentes ucranianos que acabaram de chegar à Polónia, e que precisam de "redefinir-se, processar o que viram, encontrar forças para avançar".
"Sempre que mergulhamos num livro, é um ato de abertura aos pensamentos e emoções de outra pessoa, uma abertura para ouvir outros pontos de vista, uma entrada pela porta do diálogo e da compreensão mútua. A construção de fundamentos para esse estado de espírito é crucial para o futuro", defende.
A Universal Reading Foundation tem uma página disponível para quem quiser ajudar com doações para a compra de livros, em https://fpc.org.pl/.
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