Ucrânia. Zelensky reconhece impossibilidade da adesão do país à NATO

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reconheceu hoje que a Ucrânia não poderá integrar a NATO, uma das exigências da Rússia para terminar a guerra, e disse que os ucranianos estão a tomar consciência dessa impossibilidade.

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Lusa
15/03/2022 15:46 ‧ 15/03/2022 por Lusa

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Ucrânia/Rússia

"Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos de a reconhecer", disse Zelensky durante uma videoconferência da Força Expedicionária Conjunta (JEF, na sigla em inglês), uma coligação liderada pelo Reino Unido.

"Estou contente por o nosso povo começar a compreender isto e a confiar apenas nas suas próprias forças", afirmou Zelensky, citado pela agência francesa AFP.

Nas semanas anteriores à invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, os Estados Unidos e a NATO recusaram a exigência da Rússia de que o país vizinho nunca seria admitido na Aliança Atlântica.

A adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte é um objetivo inscrito na Constituição da Ucrânia, bem como a integração na União Europeia.

Zelensky já tinha moderado a sua posição sobre a adesão do país à NATO na semana passada, numa entrevista ao canal norte-americano ABC.

"No que diz respeito à NATO, moderei a minha posição sobre esta questão há algum tempo, quando compreendemos que a NATO não estava pronta para aceitar a Ucrânia", disse Zelensky em 08 de março.

Na reunião com a JEF, Zelensky disse também que a NATO "parece hipnotizada pela agressão russa" e lamentou que a Aliança Atlântica se tenha recusado a criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia.

"Há argumentos de que a 'Terceira Guerra Mundial' poderia começar se a NATO fechasse os céus [ucranianos] aos aviões russos. É por isso que a zona aérea humanitária não foi criada sobre a Ucrânia e é por isso que os russos podem bombardear cidades e matar pessoas, explodir hospitais e escolas", lamentou.

Apesar de se mostrar resignado relativamente à não adesão ucraniana à NATO, Zelensky pediu "novos formatos de interação" da aliança de 30 países e garantias de segurança para a Ucrânia.

"Qual será a resposta da NATO aos seus membros se perguntarem como se protegerão no caso, Deus nos livre, de aviões e mísseis russos voarem contra eles? A Rússia atacou a nossa região de Lviv. Um ataque com mísseis a 20 quilómetros das fronteiras da NATO. Os drones russos já caíram em território da NATO", afirmou, numa alusão a um ataque russo no fim de semana.

Zelensky admitiu que teria sido difícil aos ucranianos resistir à invasão russa sem ajuda dos países ocidentais, mas reafirmou que a Ucrânia "precisa de mais".

"Todos sabem o que é vital para nós, os aviões", pediu aos líderes da JEF, reunidos a pedido do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Criada em 2012, a JEF reúne oito membros da NATO (Reino Unido, Dinamarca, Países Baixos, Noruega, Estónia, Islândia, Letónia e Lituânia), bem como a Suécia e a Finlândia, que não fazem parte da aliança.

A JEF concentra-se na proteção do Ártico, do Atlântico Norte e do Mar Báltico.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 20.º dia, provocou quase 700 mortos entre a população civil, segundo números confirmados pela ONU, incluindo mais de uma centena de crianças.

A ONU admite que estes números serão "consideravelmente mais elevados", estando ainda por determinar as baixas militares.

A invasão russa também levou mais de três milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A generalidade da comunidade internacional condenou a invasão e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia em praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

Leia Também: Zelensky avisa líderes europeus: "Todos somos alvos da Rússia"

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