Boris Johnson encontrou-se com o líder de facto dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed al Nayhan, em Abu Dhabi, e depois conversará na Arábia Saudita com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, na esperança de recrutá-los para a coligação contra Moscovo e convencê-los a aumentar a produção de petróleo.
Um porta-voz disse que Johnson expressou a Mohammed bin Zayed al Nayhan as "profundas preocupações com o caos desencadeado pela invasão não provocada da Ucrânia pela Rússia e enfatizou a importância de trabalharem juntos para melhorar a estabilidade no mercado global de energia".
"Eles também concordaram com a necessidade de reforçar a forte cooperação em segurança, defesa e inteligência diante das crescentes ameaças globais, inclusive dos houthis no Iémen", acrescentou a mesma fonte.
A viagem de Johnson à Arábia Saudita é mais controversa devido ao fraco histórico de direitos humanos daquele reino, mas Boris Johnson vincou a necessidade de procurar mais aliados perante esta "nova realidade".
"O mundo deve livrar-se dos hidrocarbonetos russos" para privar o Presidente russo, Vladimir Putin, das receitas de petróleo e gás", justificou, num comunicado, elegendo aqueles dois países como "parceiros internacionais importantes nesse esforço".
"Trabalharemos com eles para garantir a segurança regional, apoiar o esforço de ajuda humanitária e estabilizar os mercados globais de energia a longo prazo", afirmou.
Os países do G7, incluindo o Reino Unido, pediram na quinta-feira aos países produtores de petróleo e gás que "aumentem suas entregas" para lidar com o aumento dos preços da energia devido à guerra na Ucrânia e às sanções impostas à Rússia.
De acordo com Downing Street, as discussões incidirão nos "esforços para melhorar a segurança energética e reduzir a volatilidade dos preços da energia e dos alimentos que afetam as empresas e os consumidores britânicos", que já enfrentam um aumento do custo de vida, bem como a "estabilidade regional" no Médio Oriente.
Os Estados Unidos e o Reino Unido decidiram interromper as importações de gás e petróleo russos, enquanto a UE, muito mais dependente, está a organizar-se para reduzir em dois terços este ano as compras de gás a Moscovo.
Diante das críticas dos defensores dos direitos humanos à visita para a Arábia Saudita, particularmente após a execução de 81 presos no corredor da morte no sábado, um porta-voz de Boris Johnson disse que o Reino Unido se opõe "firmemente à pena de morte, em todas as circunstâncias em todos os países".
O porta-voz garantiu ainda que o dirigente britânico discutirá as execuções com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, também acusado de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, um crítico feroz do poder saudita, em 2018.
"Nós levantamos sistematicamente questões de direitos humanos com outros países, incluindo a Arábia Saudita, e vamos levantar as execuções de sábado com o governo de Riad", disse.
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