"Não é assunto de mais ninguém, é do seu país e da sua soberania", apontou o chanceler alemão durante uma conferência de imprensa com a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, antes de um jantar de trabalho em Berlim.
Para Olaf Scholz, os países europeus devem deixar clara a sua posição de rejeição a Moscovo, porque servirá para apoiar a capacidade de ação da Ucrânia.
No entanto, lembrou que, em última análise, é Kyiv que deve decidir o resultado a aceitar nas negociações com os russos.
O chanceler alemão manifestou a convicção de que o apoio dos países ocidentais desempenhou já um papel fundamental, juntamente com a resistência da Ucrânia, na altura de encaminhar Moscovo para a mesa de negociações.
Também a chefe de governo finlandesa sustentou esta ideia, de que o apoio dos países ocidentais tem feito a diferença, através da ajuda de meios e armamento, para garantir que Kyiv "tem uma boa posição nas negociações".
Sanna Marin lembrou as palavras do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse hoje que as negociações estão a encaminhar-se para um rumo mais realista, e manifestou a esperança de que um cessar-fogo seja alcançado em breve e que terminem as mortes entre civis.
Questionada sobre uma potencial adesão da Finlândia à NATO, a governante realçou que há um processo de debate interno que terá início esta primavera e onde participarão o Governo, Presidente da República e Parlamento.
A primeira-ministra não descartou a possibilidade de um processo de adesão ser lançado posteriormente, embora tenha sublinhado que a Finlândia tem "uma longa tradição de consenso em matéria de política externa" e que o objetivo do processo é "alcançar o maior consenso possível sobre este problema".
Já Olaf Scholz salientou apenas a relação de cooperação entre a Finlândia e a NATO já existente e garantiu que os desejos do país nórdico serão "sempre bem-vindos".
Os dois governantes concordaram ainda com a necessidade de reduzir ao mínimo a dependência energética da Rússia, pois, segundo a finlandesa, as importações daquele país servem para "financiar a guerra".
"Já concordamos em nos libertar da necessidade de continuar a importar combustíveis fósseis", acrescentou Scholz, realçando que o objetivo do seu governo é alcançar a total independência deste tipo de energia em 25 anos.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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