"As autoridades ucranianas têm de parar de divulgar vídeos de soldados russos feitos prisioneiros nas redes sociais e em vídeos enviados por mensagens para os expor publicamente, especialmente aqueles que são humilhados ou ameaçados", defendeu a organização, em comunicado.
"Esse tratamento infligido a prisioneiros de guerra viola as proteções previstas nas convenções de Genebra" sobre o direito internacional humanitário, acrescenta a HRW.
A Ucrânia transmitiu vídeos de prisioneiros russos e divulgou-os na imprensa, nos quais se vê militares russos obrigados a entregar uma carta de arrependimento, instrumentalização que também foi denunciada pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, que lembrou que os inimigos capturados devem ser tratados com "dignidade".
"A obrigação de proteger os prisioneiros de guerra da curiosidade pública e preservá-los de intimidações ou humilhações faz parte das condições requeridas para garantir um tratamento humano e proteger as suas famílias", explicou a consultora jurídica da HRW, Aisling Reidy.
Atacada pela Rússia desde 24 de fevereiro, a Ucrânia implementou uma estratégia de comunicação intensa e eficaz, sobretudo nas redes sociais, dirigida à sua população, aos russos e à comunidade internacional.
A HRW acrescentou ter escrito, a 10 de março, às autoridades ucranianas sobre o assunto, mas ainda estar a aguardar uma resposta.
Segundo a organização, a HRW também documentou várias violações das regras da guerra e de possíveis crimes de guerra atribuíveis aos russos.
"As violações pelas forças russas são numerosas e generalizadas, causando danos a civis", afirmou Reidy, sublinhando, no entanto, que a "Ucrânia também tem obrigações a respeitar, incluindo o tratamento legal dos prisioneiros de guerra".
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou mais de 700 mortos e 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, provocando a fuga de cerca de 5,1 milhões de pessoas, entre as quais 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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