Um teatro em Mariupol foi alvo de bombardeamento, na quarta-feira, e, embora o presidente ucraniano afirme que provocou "centenas de vítimas", ainda não foi revelado o número exato de mortos ou feridos. O deputado Dmytro Gurin, cujos pais estão presos na cidade, disse à BBC que estavam no local mais de um milhar de pessoas abrigadas e que "a maioria sobreviveu e está bem".
No vídeo acima, é agora possível ver imagens dos civis que se abrigavam no teatro, entre eles bebés e crianças, tanto dentro da cave como no resto do edifício, numa vídeo gravado antes do ataque. A autarquia de Mariupol também confirmou que estavam mais de mil pessoas no teatro no momento do ataque.
Iuliia Mendel, ex-porta-voz do presidente ucraniano, salientou, na manhã desta quinta-feira, que o teatro “sobreviveu” aos mísseis russos e “pelo menos, a maior parte [das pessoas] está viva”.
Segundo a mesma fonte e testemunhos nas redes sociais, como o jornalista abaixo, os civis estarão agora a ser evacuados das ruínas a que o teatro ficou reduzido. "É um milagre - os civis que estavam abrigados na cave do Teatro de Mariupol sobreviveram ao ataque aéreo. Agora, estão a ser retirados das ruínas", disse Illia Ponomarenko.
Os ataques ocorridos na noite de quarta-feira danificaram uma importante secção do edifício teatral de três andares situado no centro de Mariupol, que ficou em ruínas, segundo fotos cedidas pelo conselho municipal.
No interior, centenas de homens, mulheres e crianças - cerca de 1.000 segundo números oficiais citados pela agência noticiosa Associated Press (AP) - encontravam-se refugiados na cave, procurando escapar ao cerco de três semanas do exército russo a esta estratégica cidade portuária, situada na região do Donbass (leste).
Enquanto prosseguiam os trabalhos de busca e limpeza, os responsáveis locais indicaram que o abrigo não colapsou após o impacto de uma bomba de elevada potência lançada pela aviação russa, permitindo a proteção da vida das pessoas.
It’s a miracle - civilians that were hiding in a basement at the Drama Theater in Mariupol survived the air strike.
— Illia Ponomarenko 🇺🇦 (@IAPonomarenko) March 17, 2022
Now they are getting evacuated from underneath the ruins.
O deputado do parlamento ucraniano, Sergiy Taruta indicou na rede social Facebook que algumas pessoas "estavam a sair vivas" dos escombros, enquanto outra parlamentar, Lesia Vasylenko, que se encontra em Londres a participar numa delegação de vista à Câmara dos Comuns, disse existirem relatos de feridos, mas não de vítimas mortais.
A deputada acrescentou que entre 1.000 a 1.500 pessoas se encontravam no abrigo e que 80% a 90% da estrutura ficou danificada.
Desde segunda-feira que estava escrita no pavimento frente ao teatro a palavra "Criança" em maiúsculas e em russo, segundo imagens divulgadas pela empresa de tecnologia espacial Maxar.
O Ministério da Defesa russo negou na quarta-feira o bombardeamento do teatro ou de outros alvos civis em Mariupol.
De acordo com Pavlo Kyrylenko, chefe da administração regional de Donetsk (região separatista no leste ucraniano), um bombardeamento também atingiu na quarta-feira uma piscina municipal onde se encontravam mulheres grávidas e mulheres com crianças.
Mariupol é uma cidade portuária estratégica, situada na costa do mar Azov, entre a península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014) e o leste separatista de Donbass, pelo que a conquista é um objetivo prioritário das tropas russas.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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