Esta informação foi avançada durante uma conferência de imprensa conjunta dos dois representantes, na qual Kuleba também explicou que o esboço de acordo divulgado na quarta-feira pelo diário britânico Financial Times, composto por 15 pontos, apenas reflete a posição de Moscovo e que "neste momento não deve ser interpretado como aceite pela Ucrânia".
De acordo com Mevlut Çavusoglu -- que se encontrou com Kuleba em Lviv --, a diplomacia ucraniana "emitiu uma oferta sobre um acordo de segurança coletiva P5 [os cinco membros-permanentes do Conselho de Segurança da ONU], mais a Turquia e a Alemanha", assegurando que "a Federação da Rússia não coloca qualquer objeção".
Após uma passagem por Moscovo, onde esteve reunido na quarta-feira com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, o chefe da diplomacia turca disse que Kuleba lhe assegurou hoje que o projeto de acordo de 15 pontos, divulgado na véspera, apenas reflete a posição russa.
Kuleba explicou que, neste momento, Kiev "não pode negociar a sua segurança apenas com a Rússia", explicando que devem ser procuradas "garantias multilaterais".
Após os encontros diplomáticos dos últimos dias, Çavusoglu disse acreditar que "aumentaram as esperanças de um cessar-fogo" e reiterou a ideia de que a Turquia está pronta para acolher uma cimeira entre os Presidentes da Ucrânia e da Rússia, "quando o terreno estiver preparado para esse encontro".
Mevlut Çavusoglu disse ainda que há "dezenas de milhares de pessoas na cidade ucraniana de Mariupol à espera de serem retiradas", incluindo uma centena de turcos.
A Turquia tem estado fortemente envolvida na frente diplomática do conflito em curso e acolheu, na passada quinta-feira, a primeira reunião cara a cara entre Lavrov e Kuleba desde o início da ofensiva militar russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Mevlut Çavusoglu foi o mediador desse encontro que decorreu em Antalya, cidade do sul da Turquia, que acabou sem avanços.
Membro da NATO e aliado da Ucrânia, a Turquia também tem laços estreitos com a Rússia e tem tido o cuidado de manter uma linha aberta com ambos os países desde o início do conflito.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de pelo menos 4,8 milhões de pessoas, mais de três milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram à Rússia sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
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