Angola diz que mundo "não vai parar de produzir trigo" devido à guerra
O ministro da Indústria e Comércio angolano disse hoje que o "mundo não vai parar de produzir trigo", em consequência da invasão militar da Rússia na Ucrânia, mas admitindo "efeito cascata de aumento de preços", sobretudo do pão.
© Lusa
Mundo Guerra na Ucrânia
Vitor Fernandes, que falava em Luanda, afirmou que as autoridades angolanas "já adivinhavam o evento [conflito entre russos e ucranianos]", mas admitiu não ter "capacidade para prever quanto tempo é que vai durar essa situação".
"Isso não depende de nós, o que podemos fazer é olhar para ele, percebermos as implicações", afirmou, quando questionado pela Lusa durante a segunda edição do Café CIPRA (Centro de Imprensa da Presidência da República de Angola).
"Felizmente, apesar da Rússia e da Ucrânia serem os maiores produtores, essa classificação significa que há outros produtores, portanto o mundo não vai parar de produzir trigo porque a Rússia e a Ucrânia não produzem, vai obviamente ter esse efeito de cascata de aumento de preços, mas depois, eventualmente vai estabilizar", salientou.
Para o governante, internamente, as "autoridades e todos os produtores da cadeia do pão - porque o produto final que mais pressiona o trigo é o pão - terão de encontrar uma forma junto com a Reserva Estratégica Alimentar [REA] de equacionar o tema".
"Do ponto de vista da REA e olhando para aquilo que o conflito se traduz, o que vai acontecer é durante algum tempo uma variação para cima do preço do trigo, já começou a especulação, mas quando as fontes estiverem estáveis o preço vai estabilizar", assinalou.
A Rússia e a Ucrânia são os principais produtores mundiais do trigo, que já regista preços altos nos mercados devido ao conflito que opõe ambos os países europeus.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,2 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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