23.º dia. Rússia prossegue ataques; "aproximação" nas negociações de paz

A Rússia intensificou hoje ataques nas cidades ucranianas de Lviv e Kiev, enquanto as delegações dos dois países admitiram uma "aproximação" nas negociações de paz e os líderes dos EUA e da China discutiram a guerra na Ucrânia.

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Lusa
18/03/2022 21:01 ‧ 18/03/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

As forças russas estão a intensificar os ataques em Lviv -- uma cidade que tem acolhido muitos refugiados do leste da Ucrânia -- e em Kiev, onde se ficou hoje a saber que pelo menos 222 pessoas morreram, 60 das quais civis, desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Hoje, pelo menos uma pessoa morreu e outras 19 ficaram feridas, incluindo crianças, num bombardeamento russo com foguetes de artilharia sobre uma zona residencial de Kiev, disse o presidente da câmara da capital ucraniana, Vitali Klitschko.

De acordo com uma mensagem difundida pelo autarca na rede social Telegram, os bombardeamentos afetaram Podil, uma zona residencial da capital ucraniana, tendo atingido um infantário e um centro escolar.

Apesar da escalada de tensão, o chefe da delegação russa às conversações com Kiev anunciou ter registado uma "aproximação" das posições sobre a questão de um estatuto neutral da Ucrânia e progressos na relacionada com a desmilitarização do país.

"A questão do estatuto de neutralidade da Ucrânia e a sua não adesão à NATO constitui um dos pontos chave das negociações, é o ponto no qual as partes aproximaram o mais possível as suas posições", declarou Vladimir Medinski, citado pelas agências russas.

Em Moscovo, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, recorreu à Bíblia para elogiar o sacrifício dos soldados russos na Ucrânia, ao participar numa manifestação patriótica em Moscovo que assinalou o oitavo aniversário da anexação da Crimeia.

Numa rara aparição pública e num discurso perante dezenas de milhares de pessoas que enchiam o estádio Luzhniki de Moscovo e agitavam bandeiras da Rússia, Putin destacou a ação dos soldados russos na Ucrânia.

Ainda hoje, Putin falou telefonicamente com o Presidente francês, Emmanuel Macron, que exigiu um cessar-fogo na Ucrânia, numa conversa em que o Presidente russo acusou Kiev de "numerosos crimes de guerra".

Durante o telefonema, que durou cerca de setenta minutos, Emmanuel Macron "exigiu novamente o respeito imediato de um cessar-fogo" na Ucrânia, informou a presidência francesa.

Outra conversa telefónica ligou os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, que falaram durante duas horas, com Washington a tentar que Pequim não forneça ajuda a Moscovo e Pequim a pedir uma solução pacífica para a Ucrânia.

De acordo com uma transcrição preliminar avançada pela agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, Xi Jinping pediu ao seu homólogo norte-americano para que trabalhe consigo em prol da paz mundial, dizendo que a situação na Ucrânia é algo que ambos "não gostariam de ver".

Entretanto, a presidente da Comissão Europeia garantiu ao Presidente ucraniano que "o caminho europeu da Ucrânia já começou", após o pedido para estatuto de candidato à União Europeia (UE), anunciando mais 300 milhões de euros em apoio financeiro.

"Assegurei ao Presidente Zelensky o apoio inabalável da UE. O caminho europeu da Ucrânia já começou", escreveu Ursula von der Leyen na sua conta da rede social Twitter, dando conta de uma videoconferência entre os dois responsáveis.

O papa Francisco condenou "o perverso abuso de poder" patente na agressão russa à Ucrânia e pediu ajuda para os ucranianos, atacados na sua "identidade, história e tradição" e que têm direito a "defender a sua terra".

As declarações do papa, numa mensagem enviada a um encontro de representantes católicos europeus na Eslováquia, são algumas das mais contundentes por ele até agora emitidas sobre o direito da Ucrânia a existir enquanto Estado soberano e a defender-se da invasão da Rússia.

No plano diplomático, o chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu ao Presidente russo que decrete rapidamente um cessar-fogo na Ucrânia, numa conversa telefónica em que Vladimir Putin considerou que Kiev está a "arrastar" as negociações sobre o conflito e tem "exigências irrealistas".

A conversa, mantida esta manhã por telefone, durou quase uma hora, tendo os dois responsáveis abordado "a guerra que continua a evoluir na Ucrânia e os esforços para lhe pôr fim", segundo um comunicado do porta-voz do chanceler alemão, Steffen Hebestreit.

As reservas de água e alimentos em Mariupol, cidade sitiada por tropas russas há duas semanas no sudeste da Ucrânia, estão a esgotar-se e praticamente nenhuma ajuda humanitária foi autorizada a entrar na área, alertou a ONU.

"A única maneira de ajudar Mariupol é através de comboios humanitários, que até agora não conseguiram entrar" na zona, disse Jakob Kern, coordenador de emergência para a Ucrânia do Programa Alimentar Mundial (PAM), numa conferência de imprensa por videoconferência a partir de Cracóvia, na Polónia.

O bombardeamento na quarta-feira de um teatro de Mariupol por tropas russas, segundo Kiev, provocou pelo menos um ferido grave, mas sem registo, até ao momento, de mortos, indicou hoje o conselho municipal da cidade, num primeiro balanço.

Pelo menos 130 pessoas foram resgatadas do teatro que estava a ser utilizado como abrigo em Mariupol e que há dois dias foi bombardeado durante um ataque atribuído por Kiev às Forças Armadas russas, anunciou hoje o Presidente ucraniano.

"130 pessoas foram salvas, mas centenas de moradores de Mariupol ainda estão sob os escombros", declarou o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa mensagem em vídeo, prometendo que as operações de socorro à população vão continuar.

A invasão russa da Ucrânia já provocou pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças, indicou hoje a ONU.

No relatório diário sobre vítimas civis confirmadas desde o início da agressão militar russa na Ucrânia, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) contabilizou, até às 24:00 de quinta-feira (hora local), 58 crianças entre os mortos e 74 entre os feridos.

Mais de 3,2 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde a invasão russa, em 24 de fevereiro, incluindo mais de dois milhões para a Polónia, de acordo com uma atualização divulgada hoje pela ONU.

Além dos que fugiram para outros países, a ONU disse que a guerra provocou cerca de dois milhões de deslocados internos, ou seja, pessoas que fugiram do local de residência habitual, mas que permanecem na Ucrânia.

Leia Também: AO MINUTO: 10 milhões de ucranianos deslocados; Biden adverte China

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