Ministra alemã pede ponte aérea de solidariedade para refugiados

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, pediu hoje uma "ponte aérea de solidariedade" para transferir refugiados da Ucrânia para os diferentes países da União Europeia (UE) e também "para a comunidade transatlântica".

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Lusa
21/03/2022 12:21 ‧ 21/03/2022 por Lusa

Mundo

Rússia/Ucrânia

"Temos de estar muito conscientes de que mais de três milhões de pessoas fugiram" do país e que "nos primeiros dias da guerra" foram "para outros países europeus com que têm uma ligação", disse Baerbock à entrada da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, que hoje se realiza em Bruxelas.

"Com a brutalidade da guerra russa, mais pessoas virão, mais do que alguma vez tivemos na Europa", avisou Baerboch, estimando que a guerra na Ucrânia causará oito milhões de refugiados.

Perante a situação, "não precisamos apenas de corredores para sair da Ucrânia, mas também de uma ponte aérea solidária. Temos de distribuir [os refugiados] diretamente a partir da fronteira para os países europeus", defendeu a ministra alemã.

"Cada país da Europa deverá acolher centenas de milhares de refugiados e distribuí-los também entre a comunidade transatlântica", acrescentou.

Baerbock considerou ainda que os bombardeamentos dos últimos dias contra "infraestruturas, hospitais ou teatros onde se sabe que há civis, famílias, pessoas, são claramente crimes de guerra".

Na sua opinião, é, por isso, "evidente que, como UE e como comunidade internacional que acredita num sistema internacional baseado em regras, é preciso isolar claramente" o regime do Presidente russo, Vladimir Putin.

A ministra alemã salientou também que os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus vão tomar hoje "uma decisão política" para conseguir mais meios financeiros que permitam à Ucrânia comprar armas.

Os chefes de Estado e de Governo acordaram em Versalhes, há duas semanas, aumentar o Fundo Europeu de Apoio à Paz (FEAP) - que é alimentado por contribuições dos Estados-membros fora do orçamento comunitário - para 1.000 milhões de euros.

Não é esperado, no entanto, que os ministros adotem hoje a decisão formalmente. O Bundestag (o parlamento alemão), por exemplo, tem de autorizar o aumento do capital, dado que o fundo de 500 milhões de euros inicialmente previsto para envio de armamento está praticamente esgotado.

Embora admita que o envio de armas para a Ucrânia é uma questão de "responsabilidade para com os homens e mulheres ucranianos", Baerbock sublinhou que "se continua a fazer o possível para que esta guerra não envolva a Aliança [Atlântica, ou seja, a NATO], referindo que, por isso, não se pode "permitir que haja atos de guerra noutros países".

Sobre a possibilidade de impor um embargo energético à Rússia em futuras sanções, Baerbock destacou que mesmo "sob grande pressão, está-se a tentar acabar com a dependência das importações russas", pelo que o Governo alemão "está à procura de alternativas ao petróleo e gás [que permitam] acabar com a dependência dos combustíveis fósseis da Rússia".

A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.

A guerra já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1.500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas. Além disso, o conflito provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas das suas casas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos.

Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Ministra da Saúde quer estado vacinal dos refugiados ucranianos avaliado

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