As sanções atuais procuram infligir o maior dano possível à economia russa e, ao mesmo tempo, serem "suportáveis" para os países europeus, destacou o governante alemão durante uma conferência de imprensa com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
Olaf Scholz apontou que a Alemanha não é o único país que depende da Rússia para o fornecimento de gás natural ou carvão, mas salientou que, caso o objetivo de diversificar as fontes de energia seja alcançado, o resultado será equivalente a decretar um embargo energético contra Moscovo.
Por seu lado, Roberta Metsola salientou que a União Europeia (UE) deve "comprar energia aos amigos e não aos inimigos" para não "pagar a guerra".
No entanto, a presidente do Parlamento Europeu concordou que nem todos os países europeus estão atualmente em condições de serem independentes das importações russas.
"A agenda verde deixou de ser abordada apenas na perspetiva climática, e a sê-lo também na perspetiva da segurança", referiu, vincando a importância para a UE de alcançar a "independência estratégica".
Sobre este tema, o líder do governo alemão rejeitou hoje novamente os pedidos para boicotar o fornecimento de energia russo após a invasão à Ucrânia.
Scholz defendeu as sanções já impostas à Rússia estão a atingir a sua economia e que "isso só ficará mais dramático a cada dia".
Os países europeus pagam à Rússia centenas de milhões de euros por dia por combustíveis fósseis e as autoridades ucranianas apontam que estas transações financiam efetivamente a guerra.
O chanceler alemão foi ainda questionado sobre a proposta polaca para excluir a Rússia do G20, mas Olaf Scholz explicou que a questão não pode ser decidida "individualmente" e deve ser discutida entre todos os membros do grupo dos 20 países mais desenvolvidos e industrializados.
"Precisamos de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia que vão além do que vemos agora", sustentou, aludindo à urgência de ser alcançado "um cessar-fogo imediato".
Metsola visitou Berlim pela primeira vez como presidente do Parlamento Europeu, onde discutiu temas que serão debatidos durante o Conselho Europeu que decorre na próxima semana em Bruxelas.
Os dois governantes destacaram que em cima da mesa está a prestação de ajuda humanitária à Ucrânia, a coordenação para acolher os refugiados que fogem da guerra e o aumento dos preços da energia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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