"Estou a assistir ao fogo, o fumo está a sair das tendas (...). Há mortos e feridos que foram levados para o hospital", afirmou o agente da polícia Mohamed Adam, que testemunhou o ataque, em declarações à agência de notícias espanhola Efe.
"O ataque resultou na morte de oito pessoas, incluindo dois polícias, um militar da AMISOM [missão da União Africana na Somália] e cinco civis", adiantou Mohamed Adam à Efe.
Levado a cabo por dois homens, o ataque teve como alvo o complexo Halane, que faz parte da Zona Verde, fortemente guardada, e onde ficam as instalações da ONU, AMISOM, várias embaixadas e organizações internacionais.
Neste complexo estão funcionários de agências da ONU, diplomatas, espiões (estrangeiros e somalis), empreiteiros, guarda-costas e militares da AMISOM, bem como a Missão Europeia de Formação do Exército da Somália.
O complexo é adjacente ao Aeroporto Internacional de Aden Adde.
Segundo Adam, o ataque ocorreu por volta das 10:55 locais (07:55 TMG) e os atacantes foram mortos a tiro, após o tiroteio, que provocou incêndios em vários estabelecimentos comerciais do complexo.
o Al-Shebab, afiliado da rede terrorista Al-Qaida desde 2012, reivindicou a responsabilidade pelo ataque na estação de rádio local Alfurqan.
Este ataque coincide com uma escalada de ações do grupo num período de final de eleições parlamentares no país.
Em 15 de março, a Somália falhou um segundo prazo para completar as eleições para a Câmara Baixa, por causa de tensões políticas, rixas entre clãs e alegadas irregularidades.
Em janeiro, o primeiro-ministro somali, Mohamed Hussein Roble, e os presidentes dos cinco estados federais do país concordaram em completar o processo eleitoral até 25 de fevereiro, um compromisso que não cumpriram.
A conclusão das eleições parlamentares é um marco essencial para a realização das eleições presidenciais, que foram adiadas várias vezes desde 2021, apesar de o mandato do Presidente, Mohamed Abdullahi Mohamed Farmaajo, ter expirado nesse ano.
O adiamento sistemático das eleições - que são apoiadas pela comunidade internacional, e contra a vontade do Al-Shebab - é considerado como uma distração para os problemas essenciais do país, como a luta contra o terrorismo.
O grupo que hoje reivindicou o ataque controla as áreas rurais no centro e sul do país e quer estabelecer um Estado Islâmico 'wahhabi' (ultraconservador) na Somália.
A Somália tem estado num caos desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991, que deixou o país sem um governo eficaz e nas mãos de senhores da guerra e milícias islâmicas, como o Al-Shebab.
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